terça-feira, 31 de julho de 2012

Promessas do Futebol Mundial: Thibaut Courtois

O título desta seção é praticamente auto-explicativo, mas não faz mal tentar esclarecer. Aqui, tentaremos mostrar alguns jovens promissores que possam ser o futuro do Futebol mundial. Apostas, afirmações, apenas promessas... Só o futuro nos dirá.

Começamos com um jovem goleiro belga, que pode ser o grande nome das metas internacionais no futuro: Thibaut Courtois.

Nascido em Bree, na Bélgica, na região de Flandres, começou a jogar futebol como lateral-esquerdo. Quando se juntou às categorias de base do Racing Club Genk, finalmente converteu-se à posição de goleiro, a qual exerce com maestria nos dias atuais.

Ao completar 16 anos, já passou a se firmar nas categorias menores do clube, sendo chamado para treinar na equipe principal. Tornou-se titular da equipe principal aos 16 anos e 341 dias de idade, fato não muito comum para goleiros.

Apesar da pouca idade e experiência, Courtois foi uma peça importantíssima para a conquista do Campeonato Belga para o Genk na temporada 2010-11, sofrendo apenas 32 gols em 40 jogos no campeonato inteiro. Conquistou, antes, a Copa da Bélgica, em 2008-09.

Ainda no Genk, foi eleito o melhor goleiro profissional da Bélgica da temporada 2010-11, bem como o jogador do ano do seu time, eleito pela torcida.

O jovem belga impressionara tanto, que foi alvo de várias especulações de transferência. Uma delas se tornaria confirmada, para o Chelsea. O clube londrino pagou 7,9 milhões de euros pelo goleiro, uma quantia alta em se tratar de um guarda-metas jovem e ainda não afirmado totalmente.

Em não havendo espaço ainda para jogar no clube, por conta da titularidade do incontestável  Petr Čech, Courtois foi emprestado para o Atlético Madrid, para adquirir um pouco de experiência e ritmo de jogo. Ninguém apostava que ele seria titular, com o goleiro Sergio Asenjo já estabelecido no time. Entretanto, Thibaut surpreendeu e tomou a posição de titular do espanhol, com atuações seguras.

Desde então, mantém-se titular. Usa a camisa número 13, em vacância desde a saída de David De Gea, para o Manchester United. Conquistou ao final da última temporada a Liga Europa, já demonstrando sua veia de campeão.

Courtois é um goleiro seguro, que joga de maneira simples e sem muitos malabarismos. É várias vezes comparado com o grande Petr Čech, por conta de sua grande estatura (1,98m) e pelo estilo seguro e simplório de jogar, fazendo defesas com os pés ou parado em boa parte das vezes, apenas usando de malabarismos quando é o seu último recurso. Isso se deve ao seu preciso posicionamento debaixo das traves e às suas saídas precisas de gol.

Com apenas 20 anos de idade, e indo para sua quarta temporada como goleiro profissional, já disputou duas partidas pela Seleção da Bélgica, e tem tudo para se tornar um goleiro completo. Já é considerado um dos maiores talentos do Futebol europeu, e tem uma longa carreira pela frente, e ao que tudo indica, será muito frutífera.



segunda-feira, 30 de julho de 2012

Craques que Nasceram no País Errado: Wynton Rufer

Esta série de posts vai homenagear alguns grandes jogadores que, apesar de terem se destacado individualmente, jamais puderam aspirar a nada por terem nascido em países sem muita expressão no mundo do Futebol.

Começamos com um craque que nasceu no país errado e na época errada, pois se tivesse nascido hoje, talvez teria se destacado muito mais do que quando em que jogou, o neo-zelandês Wynton Rufer.

Um centro-avante astuto, com faro de gol e categoria para mandar a bola para as redes na forma que fosse necessário. Tinha frieza e técnica na frente da goleira.

Nascido em Wellington, Nova Zelândia, filho de pai suíço e mãe maori, o prolífico atacante iniciou sua carreira profissional aos 18 anos de idade, no Stop Out, da Nova Zelândia. Em 1981, foi transferido para o Miramar Rangers, onde foi eleito por dois anos consecutivos (1981 e 1982) o Melhor Jogador Jovem da Nova Zelândia, atraindo o interesse de clubes europeus.

Um deles foi o Norwich City, da Inglaterra. O treinador Ken Brown se impressionou tanto com o jovem que o convidou, junto com o seu irmão Shane, para fazer um teste. Ambos passaram, e assinaram contrato profissional com os Canários. Entretanto, o seu visto de trabalho na Inglaterra foi negado, portanto, não pôde fechar a negociação.

Entretanto, isso não foi impeditivo para Wynton jogar na Europa. Como cidadão suíço, por conta do seu pai, assinou contrato com o FC Zürich. Nas cinco temporadas em que atuou pelo Zürich, marcou 57 gols, mantendo uma boa média anual, tendo em vista a fragilidade da equipe na época.

Em 1986, transferiu-se para o Aarau, onde em duas temporadas marcou cerca de 40 gols, inclusive, na temporada 1987-88, foi o artilheiro do Campeonato Suíço, marcando 21 gols, e passando a atrair a atenção de clubes maiores e mais bem projetados no continente.

O Grasshopper o contratou para a temporada 1988-89. Com os Gafanhotos (sim, esse é o nome e o apelido do clube!) conquistou a Copa da Suíça, e marcando 18 gols na temporada, passando da marca de 100 gols no território helvético!

A partir daí, sua carreira deu um grande salto de qualidade. Na temporada seguinte, foi contratado pelo Werder Bremen, treinado pelo grande Otto Rehhagel. Nas seis temporadas em que atuou pelos Verde-e-brancos, formou uma dupla de ataque letal com o atacante da seleção alemã, Klaus Allofs. A dupla empilharia gols nestes anos de parceria.

No seu primeiro ano, marcou 19 gols, sendo vice-campeão da Copa da Alemanha. Na sua segunda temporada, marcaria novamente 19, quando conquistou seu primeiro de vários títulos com o Werder Bremen, a mesma Copa da Alemanha que havia perdido no ano anterior.

No ano seguinte, temporada 1991-92, conquistou um grande título para o Werder, a Copa dos Campeões de Copas da Europa (ou UEFA Cup Winners' Cup, se preferir), com um gol seu na final, contra o forte AS Monaco de Emmanuel Petit, Lilian Thuram, Youri Djorkaeff e George Weah. Além disso, mandou mais 11 pelotas para as redes na temporada.

Em 1992-93, o seu melhor ano como jogador do Werder. Foi vice-artilheiro do Campeonato Alemão, com 17 gols marcados, e também foi artilheiro da UEFA Champions League do mesmo ano, marcando 8 gols. Mais importante, conquistou o Campeonato Alemão, consagrando a sua carreira na Alemanha. Ao todo, marcou 27 gols na temporada, transformando-se no primeiro astro do Futebol advindo da Oceania.

Nas duas últimas temporadas em Bremen, não rendeu tanto quanto antes, marcando 18 gols, transferindo-se então para o Japão, mais precisamente para o JEF United Ichihara, onde marcou 25 gols no Campeonato Japonês, mais um na Copa do Imperador.

Já no final da carreira, foi contratado pelo seu antigo técnico Otto Rehhagel para salvar o Kaiserslautern e levar o time de volta à primeira divisão da Bundesliga. Marcou poucos gols, apenas 4, mas todos muito importantes para o retorno ao primeiro nível.

Encerrou a carreira jogando no FC Kingz, da Nova Zelândia, marcando 12 gols em três temporadas.


Ainda, atuou 23 vezes pelos All Whites, a Seleção da Nova Zelândia, marcando 12 vezes. Atuou, inclusive, na Copa do Mundo de 1982, com apenas 19 anos de idade, jogando nas três partidas que sua equipe disputou no campeonato, perdendo as três. Não atuou mais vezes na sua Seleção pois os seus times não o liberavam.

Foi eleito por três vezes o melhor jogador do ano da Oceania, em  1989, 1991 e 1992. Também, recebeu a Ordem do Mérito em seu país, por suas contribuições ao esporte e ao Futebol.

Como maior honraria futebolística, foi eleito o maior jogador do Século XX na Oceania, em frente de lendas como o australiano Frank Farina e Christian Karembeu (radicado francês, mas nascido na Nova Caledônia).

Se Rufer fosse jogador hoje, com a evolução do Futebol na Oceania e também do seu país, a Nova Zelândia, certamente faria muito mais gols e seria mais conhecido do que antes. Em um país em que se usa demais da defesa no Futebol, Rufer seria a grande esperança de gols.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Grandes Jogos: Eintracht Frankfurt x Real Madrid, 1960

Talvez a mais espetacular de todas as finais da história da UEFA Champions League, no dia 18 de maio de 1960, Real Madrid e Eintracht Frankfurt se enfrentaram, no Hampden Park, na Escócia, um dos maiores estádios da Europa na época.

O Real Madrid tinha seu time de estrelas, já quatro vezes campeão da Europa. Nomes como Ferenc Puskás, Alfredo di Stéfano, Francisco Gento e Luis Del Sol faziam parte deste time, e de um ataque dos sonhos.

O Eintracht Frankfurt era o Campeão Alemão da temporada anterior (na época em que ainda não se chamava Bundesliga), e foi o primeiro clube da Alemanha a chegar em uma final de torneio europeu. O destaque era o Inside Midfielder Alfred Pfaff, número 10 do time, possuindo grande técnica e controle de bola, além de ser um cobrador de faltas exímio.


Campanhas:

O Real Madrid, detentor do título, começou tranquilamente. Como campeões, entrou diretamente na primeira fase, triturando o Jeunesse Esch, de Luxemburgo, por 12 a 2 no placar agregado. Nas quartas de final, enfrentaram o Nice, da França, perdendo a primeira partida em Nice por 3 a 2, mas vencendo em casa por 4 a 0.

Nas semi-finais, duelo contra os maiores rivais dos madrilenhos, o Barcelona. Para a surpresa de todos, duas vitórias dos Merengues por 3 a 1.

O Eintracht Frankfurt, de outra forma, iniciou na fase preliminar do torneio, ganhando um bye, pois os finlandeses do KuPS deixaram o torneio após o sorteio das chaves. Na primeira rodada, vitória por 5 a 2 no agregado contra o Young Boys, da Suíça, incluindo uma vitória por 4 a 1 em Berna. Nas quartas, vitória no agregado de 3 a 2 sobre o Wiener Sportsklub, da Áustria.

Nas semi-finais, uma surpreendente vitória por 12 a 4 no placar agregado contra o tradicional Rangers, da Escócia! Em Frankfurt, 6 a 1, e em Glasgow, 6 a 3, com destaque para quatro gols no total por Pfaff.


A Final:

Um público de 127.621 pessoas lotou o Hampden Park, em Glasgow, na Escócia, para presenciar um dos maiores embates já disputados num campo de futebol. O Real Madrid buscando o penta-campeonato, o Eintracht buscando chocar a Europa, sendo o primeiro time alemão a vencer um torneio continental.


O Real Madrid foi escalado com: Rogelio Domínguez; Marquitos, José Santamaría, Pachín; José María Vidal, José María Zarraga; Canário, Luís Del Sol, Alfredo Di Stéfano, Ferenc Puskás e Francisco Gento. O treinador era Miguel Muñoz.

O Eintracht Frankfurt levou a campo: Egon Loy; Friedel Lutz, Hermann Höfer, Hans-Walter Eigenbrodt; Hans Weilbächer; Dieter Stinka; Richard Kress, Dieter Lindner, Erwin Stein, Alfred Pfaff e Erich Meier, comandados por Paul Osswald.

O jogo começou corrido, com as equipes procurando o gol desde o momento da saída.

Aos 18 do primeiro tempo, surpreendendo a todos, depois de um cruzamento pelo lado direito na linha de fundo, Kress pegou de primeira na pequena área para marcar um chocante 1 a 0 para o time de Frankfurt. Entretanto, seria o único momento onde os alemães liderariam. A reação dos Merengues começaria em poucos minutos.

Com 27 minutos da primeira etapa, depois de uma troca de longos passes em frente da área alemã, Di Stéfano aproveitou o cruzamento sozinho e mandou para o fundo da rede de Loy. Três minutos mas tarde, 'La Saeta Rubia', a 'Flecha Loura' (apelido de Di Stéfano), aproveitou o rebote depois de um chute fraco espalmado por Loy; 2 a 1.

Depois disso, começaria o show do monstro Ferenc Puskás.


Aos 46 do primeiro tempo, depois de um corte mal feito pela defesa alemã, o húngaro chutou forte de um ângulo apertado para marcar o terceiro gol madrilenho. Aos 11 do segundo tempo, Puskás marcou de novo, de pênalti, marcado duvidosamente pelo árbitro Jack Mowat.

Quatro minutos depois, outro gol do 'Major Galopante' (apelido de Puskás). Aproveitando-se de um escanteio mal batido, Gento puxou um contra-ataque velocíssimo, cruzando na medida para o tranquilo cabeceio do húngaro.

Para finalizar o seu show, com 26 minutos da segunda etapa, após uma troca de passes digna de um time tetra-campeão europeu, Puskás aproveitou um chute mal feito por Canário, mandando a bola para o ângulo de Loy, em chute de virada, uma de suas marcas registradas. 6 a 1, resultado já inacessível aos alemães.

Aos 27, após tabelar com Pfaff, Stein fuzilou de esquerda para as redes, com Domínguez ainda conseguindo  tocar na bola, sem chances de defesa.

Entretanto, já na saída de bola seguinte, uma troca de passes envolvente e um chute certeiro no canto esquerdo do goleiro por Di Stéfano liquidou os já desesperançados alemães. 7 a 2.

Por fim, aos 30 do segundo tempo, Stein, mais uma vez, conseguiu marcar para o Eintracht, após um recuo mal-feito pela defesa do Real Madrid, 7 a 3. Mas de nada adiantaria, o penta-campeonato já estava garantido.


Abaixo, o link para o vídeo da partida completa. (as partes seguintes se iniciarão automaticamente)

http://www.dailymotion.com/video/xsldm5_ecc-60-final-part-1_sport

Uma vitória sensacional para coroar (com o perdão da redundância) a Era de Ouro do time do Real Madrid, um dos times mais vencedores de toda a história do Futebol.

Bom proveito!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Grandes Times: A Celeste Olímpica

Em clima olímpico, nada mais adequado que iniciar a Seção “Grandes Times” com o maior time a jogar nas Olimpíadas, a Celeste Olímpica.

O time a que se refere o parágrafo acima é a seleção uruguaia que dominou o futebol sul-americano e mundial de 1924 a 1930. Um time revolucionário. Diferenciado. Multi-campeão.

Tudo começou em 1923, quando o escrete uruguaio venceu a Copa América pelo número máximo de pontos, batendo na final a sua grande rival, Argentina, pelo placar de 2 a 0, com destaque para o jovem Pedro Petrone, na época, com singelos 18 anos de idade.

Os uruguaios já revolucionavam fora de campo, antes das partidas. A comissão técnica, na qual se incluíam médicos e preparadores físicos, era tão importante quanto o treinador e os próprios jogadores. Para a época, o preparo físico da equipe era fantástico.


Olimpíadas de 1924

Para a sua primeira investida em âmbito mundial, o torneio Olímpico de 1924, em Paris, o Uruguai se concentrou no vilarejo de Argenteuil, interior da França. Antes disso, fizeram uma turnê muito bem sucedida pela Espanha. Em amistosos, os europeus passaram a se maravilhar com o estilo de jogo dos cisplatinos.

Pouco se sabia sobre os uruguaios, por conta de nunca terem jogado qualquer partida fora da América do Sul. Suas partidas internacionais se resumiam, basicamente, a viagens atravessando o Rio da Prata, para intercâmbio com times argentinos.

Diferente das tendências futebolísticas da época, os uruguaios tocavam a bola em passes curtos e precisos, com controle de bola majestoso. Quem duvidava, passou a se admirar. Tanto foi a admiração que, em Paris, um dos maiores jogadores da história uruguaia, o grande meio-campista Leandro Andrade, foi apelidado já de inicio como “La Marveille Noire”, ou seja, a Maravilha Negra, tamanha a sua qualidade técnica.

No início dos Jogos Olímpicos de 1924, o grande assunto era o jogo dos uruguaios. Surpreendentemente para a época, os uruguaios combinavam passes curtos com posicionamento inteligente, técnica e controle de bola imaculados. A expressão utilizada era que, como se diz coloquialmente hoje, “quem corria era a bola” e os oponentes, atrás dela.

Bateram os iugoslavos na estreia por 7 a 0, depois os norte-americanos por 3 a 0. No segundo jogo, os americanos tiveram que armar uma fortíssima retranca para não sofrer uma derrota pesada. Era o início do domínio do futebol mundial pelos charruas. Na terceira fase, derrotaram facilmente os franceses, donos da casa, por 5 a 1.

Na semi-final, um polêmico jogo. Contra a Holanda, os uruguaios saíram perdendo no primeiro tempo, com um gol de Kees Pijl. No segundo tempo, aos 25 minutos, Pedro Cea empatou a partida. Faltando menos de 10 minutos, pênalti para os uruguaios. Héctor Scarone virou a partida e decretou o placar final, 2 a 1.

A final foi disputada contra a Suíça, que bateu a Suécia na semi-final. Assim como os adversários anteriores, a seleção helvética não foi capaz de ombrear os seus rivais sul-americanos. O Uruguai prevaleceu por 3 a 0, gols do jovem Pedro Petrone, Pedro Cea e Ángel Romano. O interesse pelos uruguaios era tanto que o público total do estádio foi de 60.000 pessoas, sendo que 10.000 ficaram de fora do estádio.

O Uruguai conquistava seu primeiro título de nível mundial, a medalha de ouro no futebol olímpico em 1924. Mais do que merecido.

A escalação campeã: Andrés Mazali; Pedro Arispe, José Nasazzi (que viria a ser o primeiro homem a erguer o troféu Jules Rimet); Leandro Andrade, José Vidal, Alfredo Ghierra; Santos Urdinarán, Héctor Scarone, Pedro Petrone, Pedro Cea e Ángel Romano.



Duas curiosidades do título de 1924: a “Volta Olímpica”, que ocorre quando um time campeão vence um torneio, foi inventada pelos uruguaios neste torneio, que saudavam os espectadores correndo toda a extensão da pista atlética ao redor do gramado. Além disso, o jovem Pedro Petrone, que no dia do título contava 18 anos e 363 dias, é, até hoje, o mais jovem jogador de futebol a receber uma medalha de ouro olímpica.


Olimpíadas de 1928

Em 1928, nas Olimpíadas de Amsterdã, pouco se discutia sobre os favoritos. Os uruguaios eram favoritos, seguidos pelos seus grandes rivais, a Argentina. O choque da vitória em 1924 foi sentido no mundo todo, e obviamente, pelos argentinos. Em um amistoso de dois jogos, torcedores argentinos jogavam mísseis em Leandro Andrade, para que este não pudesse avançar em campo, tamanha a violência e tensão!

Os uruguaios, sem temer nada, mandaram novamente um time excelente, baseado predominantemente no Peñarol e no Nacional. Praticamente, era a mesma equipe que disputaria e venceria a Copa do Mundo de 1930, no próprio Uruguai.

Na estreia, vitória contra os holandeses, 2 a 0, desta vez sem a controvérsia que rodou o torneio passado. Contra a Alemanha, vitória tranquila por 4 a 1, com três gols do já afirmado artilheiro Pedro Petrone.

Na semi-final, jogo contra a forte Itália. A Itália, previndo o que viria na década de 30, abriu o placar com Baloncieri. Entretanto, a equipe cisplatina virou para 3 a 1 ainda na primeira etapa, quebrando os brios italianos. A partida terminaria 3 a 2, num grande embate.

Na partida da medalha de ouro, guerra contra os argentinos. Os platinos vinham de grande campanha, batendo os norte-americanos por incríveis 11 a 2, a Bélgica por 6 a 3, e o Egito por 6 a 0. 


Na primeira partida, empate em 1 a 1, gols de Petrone pelos celestes e Manuel Ferreira para os argentinos. Na época, teria que ser disputada uma nova partida para quebrar o empate.

No segundo jogo, dia 13 de junho de 1928, Argentina e Uruguai se digladiaram pela segunda vez. E desta feita, sagrou-se um incontestável vencedor. Dois a um para os cisplatinos, gols de Roberto Figueroa e Héctor Scarone. Uruguai medalhista de ouro no futebol novamente!

A escalação campeã, muito parecida com a de 1924: Andrés Mazali; Pedro Arispe, José Nasazzi; Álvaro Gestido, Juan Píriz, Leandro Andrade; Roberto Figueroa, Pedro Cea, René Borjas, Héctor Scarone e Juan Pedro Arremón.

Mas este não seria o último grande confronto entre uruguaios e argentinos da época...


Copa do Mundo de 1930

O duas vezes campeão olímpico Uruguai iria ser anfitrião da primeira Copa do Mundo da FIFA, no ano de 1930, entre os dias 13 e 30 de julho. O país-sede foi escolhido, pois neste ano, a Constituição da República Oriental do Uruguai completaria 100 anos de aniversário. Todas as partidas seriam realizadas na cidade de Montevideo, divididas em três estádios, Parque Central, Pocitos e principalmente, o Centenario, construído especialmente para a Copa, e que recebeu a maioria das partidas.

O torneio teria apenas treze participantes, a maioria da América do Sul, bem como os Estados Unidos e o México. Como a viagem da Europa para a América ainda era por navio, apenas França, Iugoslávia, Romênia e Bélgica participaram.

O Uruguai ficou no Grupo 3, com Peru e Romênia. A primeira vitória foi contra o Peru, jogo truncado, vitória magra, por apenas 1 a 0, gol de Héctor ‘Manco’ Castro. Seu apelido provinha de um acidente na infância, onde teve seu antebraço direito amputado por uma serra elétrica.

O segundo jogo já foi mais tranquilo, com os celestes já mais habituados à disputa. Vitória tranquila de 4 a 0 sobre o time romeno, com os quatro gols marcados na primeira etapa, por Pablo Dorado, Héctor Scarone, Peregrino Anselmo e Pedro Cea, nesta ordem.

Para as semi-finais, os quatro campeões dos grupos, Argentina, Iugoslávia, Uruguai e os Estados Unidos, se enfrentariam. A primeira semi-final, entre E.U.A. e Argentina foi disputada em um campo completamente encharcado. Foi uma partida violenta, tendo o jogador americano Raphael Tracy saído machucado com uma perna quebrada. O jogo terminou 6 a 1 para os violentos argentinos.

A outra partida, logo, foi disputada por uruguaios e iugoslavos. Foi uma pequena réplica da partida que ocorrera nas Olimpíadas de 1924. A Iugoslávia começou vencendo, com um gol de Djordje Vujadinovic. Mas os uruguaios viraram ainda no primeiro tempo, logo antes de um gol iugoslavo ser polemicamente anulado por impedimento. No final, o jogo terminou em 6 a 1, com Pedro Cea marcando três gols.

Enfim, a grande final. Uma repetição da última decisão das Olimpíadas de Amsterdã. A grande rivalidade voltava a aflorar, Argentina e Uruguai, agora disputando o galardão de maior time do planeta.

O clima era muito tenso de ambas as partes. Milhares de torcedores argentinos atravessaram o Rio da Prata, bradando: “Vitória ou morte”! Cerca de 15 mil argentinos tentaram a travessia para Montevideo, entretanto, muitos não lograram sucesso. O clima era tão hostil, que o jogador argentino Luisito Monti recebeu ameaças de morte na noite anterior à partida, mesmo assim, disputou a final.

No estádio, os torcedores foram revistados pela polícia em busca de armas. O Estádio Centenario já estava completamente lotado duas horas antes do pontapé inicial, 93 mil espectadores.

Um acontecimento estranho ocorreu neste jogo. Por conta de um desentendimento entre os times, sobre qual bola seria usada no jogo (cada time tinha a sua), foi decidido que seria um tempo para cada bola. A da Argentina, no primeiro tempo, a do Uruguai, no segundo. Polêmico, mas foi a solução encontrada.


Outra situação inusitada foi o pedido do árbitro, John Langenus, que apenas aceitou apitar a partida se tivesse disponível um barco de prontidão no porto, para que, se fosse necessária uma fuga rápida, pudesse escapar em no máximo uma hora do fim do jogo!

Confusão generalizada à parte, o jogo iniciou. Os anfitriões abriram o placar com Pablo Dorado. Entretanto, ainda no primeiro tempo, a Argentina se mostrou forte, virando a partida, com gols de Carlos Peucelle e do artilheiro do torneio, Guillermo Stábile.

O segundo tempo começou perigoso para o Uruguai, quase levando o terceiro gol, que selaria o destino do jogo. Após isso, os cisplatinos se recompuseram, empatando primeiro com Cea. Dez minutos depois, Santos Iriarte virou o jogo. Pouco antes do fim do jogo, ‘Manco’ Castro marcou o gol derradeiro, 4 a 2, para selar a vitória. Langenus encerrou a partida apenas um minuto depois, coroando os uruguaios como campeões do mundo.

Os comandados de Alberto Supicci naquele jogo: Enrique Ballestero; José Nasazzi, Ernesto Mascheroni; Leandro Andrade, Lorenzo Fernandez, Álvaro Gestido; Pablo Dorado, Héctor Scarone, Héctor ‘Manco’ Castro, Pedro Cea e Santos Iriarte. (conforme a foto no título)

Sem dúvida alguma, este foi o primeiro grande time a encantar o mundo todo, com seu novo jeito de jogar e seus grandes jogadores. Leandro Andrade e o capitão José Nasazzi são até hoje cultuados como dois dos maiores jogadores da história do futebol sul-americano.

A Copa do Mundo não poderia ter caído em melhores mãos naquela época. Estava eternizado o apelido que até hoje a Seleção Uruguaia leva: “A Celeste Olímpica”.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Grandes Treinadores: Helenio Herrera


Inauguramos o blog homenageando o Mestre do Catenaccio.

Helenio Herrera nasceu em Abril de 1910, não se sabe exatamente o dia, crê-se que no dia 10. No entanto, nos anos cinquenta, ele alterou seu ano de nascimento para 1916, talvez para parecer mais jovem. É originário de Buenos Aires, na Argentina, filho de pais espanhóis. Com quatro anos de idade, mudou-se para a cidade de Casablanca, no Marrocos, na época, colônia da França, onde ele adotou cidadania francesa.

Como jogador, um defensor, teve uma carreira razoável, atuando em clubes como o RC Casablanca, FCO Charleville (onde foi convocado para a Seleção da França duas vezes, entretanto, não atuou) e atingindo o seu ápice na carreira no Red Star (não confundir com o Crvena Zvezda da antiga Iugoslávia). Terminou sua carreira no Puteaux, em 1945, onde já começara a sua carreira de treinador.

Nascia aí o primeiro treinador "Superstar" da história do futebol. Antes de Helenio Herrera, os treinadores nada mais eram do que meros coadjuvantes do cenário futebolístico, estando os holofotes apenas nos jogadores, estes sim, as verdadeiras estrelas. Foi o primeiro treinador a receber créditos pelas vitórias, ao contrário dos seus contemporâneos colegas, que passavam todas as láureas aos atletas. 

H. H. (um dos seus singelos apelidos), passou a ganhar notoriedade quando mudou-se para a Espanha, tendo treinado em seis anos o Real Valladolid, Atlético de Madrid, onde venceu dois Campeonatos Espanhóis, em 1950 e 1951, Málaga, Deportivo La Coruña e Sevilla. Após, treinou por dois anos o clube português Belenenses, antes de retornar à Espanha, para, aí sim, treinar o gigante Barcelona.

No Barcelona, foi campeão várias vezes, utilizando de um esquema tático que, apesar de parecer contradizer ao primeiro parágrafo, aberto e ofensivíssimo, sem muita preocupação com a parte defensiva. Conquistou por duas vezes o Campeonato Espanhol, em 1959 e 1960, uma Copa del Generalisimo (atual Copa Del Rey), em 1959, e principalmente, duas vezes a Inter-Cities Fairs Cup, hoje Copa da UEFA, em 1959 e 1960. Infelizmente, teve vários problemas com o seu grupo de jogadores, principalmente com o grande jogador húngaro-espanhol László Kubala, deixando o clube catalão no mesmo ano de 1960.

Pois é, mas há males que vêm para bem. Neste caso, o grande momento do mestre estaria por vir.

Logo após sua saída do Barcelona, migrou para a Itália, assinando contrato com a Internazionale.  A partir daí, a sua lenda se criou. Neste período, de 1960 a 1968, treinou o maior time da história da Inter, a chamada La Grande Inter, time de vigor físico, disciplina tática e pragmatismo absurdos. Pelas mãos de Herrera, passaram grandes lendas do futebol italiano e internacional, entre eles o craques espanhóis Luis Suárez e Joaquín Peiró, o grande jogador brasileiro Jair da Costa, os internacionais defensores Tarcisio Burgnich e Giacinto Facchetti, o meia Mario Corso, e um dos mais técnicos jogadores italianos de todos os tempos, Sandro Mazzola. Um timaço!



Com estes e outros craques, foi multi-campeão, conquistando diversos títulos nacionais e internacionais. Em destaque três Campeonatos Italianos, em 1963, 1965 e 1966, duas Copa dos Campeões Europeus, em 1964 e 1965, e duas Copas Intercontinentais, nos mesmos anos.

Percebendo a relativa pouca eficácia que um esquema ofensivo o tinha trazido, Herrera criou o esquema tático mais efetivo e pragmático da Europa na época, aquele mesmo que dá nome ao blog, o Catenaccio, cuja tradução aproximada seria “muro alto”.



O seu surgimento, deriva do Verrou (cadeado, em francês), tática utilizada pela Seleção Suíça nas décadas de 40 e 50 e criada pelo treinador austríaco Karl Rappan, extremamente defensiva e cautelosa, baseando-se em um 5-3-2. Helenio Herrera a modificou, aumentando sua flexibilidade para gerar contra-ataques rápidos e letais. Pronto, estava criado o Catenaccio.

Sua principal alteração com relação ao Verrou foi a utilização de seus laterais, o mais famoso, o grande Giacinto Facchetti, como alas, sendo auxiliados na cobertura pelo líbero, função aperfeiçoada pelo treinador. Esta disposição facilitava e muito a constituição dos contra-ataques que caracterizavam a Grande Inter.

Herrera foi o pioneiro no uso de motivação psicológica no futebol, sendo célebre por frases como: “Aquele que não dá tudo de si, não está dando nada” e “Com dez jogadores, nosso time joga melhor”. Criou o slogan “Classe + Preparação + Inteligência + Atleticismo = Campeonatos”, colocando placas em volta do campo de treinamento e fazendo os jogadores cantarem o mesmo durante as sessões de treinamento!

Além disso, foi um dos primeiros treinadores a usar dos chamados jogos psicológicos para abalar os seus adversários, fazendo previsões sobre os resultados dos jogos, e frequentemente acertando! Por esse motivo e por sua visão tática, foi apelidado pela imprensa italiana de "Il Mago”, o mago.

Foi também o criador de vários regimes muito utilizados hoje no futebol, como por exemplo “Il Ritiro”, a nossa conhecida Concentração atual. Nele, os jogadores se recolhiam para um hotel no interior na quinta-feira, para se prepararem para um jogo no domingo! Além disso, proibia os seus jogadores de beberem ou fumarem, além de controlar suas dietas.

Ainda, foi um dos primeiros treinadores a perceber a importância da torcida no estádio, pedindo o apoio do seu “Décimo-segundo homem”, incentivando a torcida a levar bandeiras e faixas. Isso, indiretamente, criou os Ultras, movimentos de torcedores atuantes até hoje.



Saindo da Inter, passou a ser treinador da Roma, onde se tornou o treinador mais bem pago no mundo, recebendo aproximadamente 150 mil euros por ano, uma verdadeira fortuna na época! Entretanto, não teve tanto sucesso nos Giallorossi, conquistando apenas uma Coppa Italia em 1969.

Foi demitido em 1970, voltando a treinar a Inter em 1973. Infelizmente, sofreu um ataque cardíaco, abandonando a carreira de treinador. Voltou brevemente à carreira no final da década de 70, comandando o Rimini Calcio e encerrando a carreira definitivamente o Barcelona em 1980 e 1981. Viveu em Veneza durante sua aposentadoria, até a sua morte, em 10 de novembro de 1997.

Apesar da sua morte, seu legado permanece imortal. Além dos seus vários títulos, foi o primeiro técnico a comandar três seleções nacionais diferentes: de 1946 a 1948, a Seleção Francesa, de 1959 a 1962, a Seleção Espanhola (concomitantemente com seu comando da Inter) e de 1966 a 1968, a Seleção Italiana, conjuntamente com Ferruccio Valcareggi.

Muitos discutem seus métodos e sua personalidade forte, e talvez um tanto quanto mal-educada. Foi um personagem muito polêmico durante seus anos de técnico. Mas nada irá apagar o seu brilhantismo técnico e alma de campeão. Foi um homem à frente da sua época, e certamente, inúmeros treinadores do passado, do presente e do futuro devem muito à Helenio Herrera, um dos homens que transformou o futebol mundial.

terça-feira, 24 de julho de 2012

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