O grande treinador de hoje é um dos maiores vencedores da história do Futebol. Um cosmopolita, que passou em clubes de 14 países diferentes. Além de ser vencedor, foi um dos treinadores que ajudou a modernizar o jogo. Trata-se da lenda Tomislav Ivić.
Nascido em Split, na época, Reino da Iugoslávia (hoje Croácia), em 30 de junho de 1933, Ivić foi um jogador de sucesso modesto, começando a sua carreira e permanecendo por quatro temporadas no RNK Split, se transferindo em 1957 para o Hajduk. Em 1963, encerrou sua carreira de jogador, aos trinta anos de idade.
Em 1965, Ivić satisfez os seus anseios de se tornar treinador de Futebol, cursando a Escola de Técnicos em Belgrado. Um aluno exemplar, foi o melhor da sua classe, com nota média de 10.
Em Split, sua cidade natal, iniciou sua carreira de treinador, no mesmo clube que o formou, o RNK. Começava uma das carreiras mais vitoriosas de todos os tempos no Futebol. Permaneceu por um ano treinando o RNK.
Em 1968, foi contratado pelo Hajduk, para treinar as categorias de base do clube. Formou inúmeros grandes jogadores em 4 anos de trabalho, e passou a despertar interesse em muitos clubes. O trabalho de Ivić seria colhido por si próprio anos depois, quando voltaria ao Hajduk.
Para a temporada de 1972, foi contratado pelo pequeno Šibenik, onde trabalhou por uma temporada, antes de treinar brevemente a Seleção da Iugoslávia, até 1974. Até aí, nenhum título conquistado.
Em 1974, Ivić retornou para o Hajduk. Com a chamada "Geração de Ouro" do clube, Tomislav Ivić conquistaria vários títulos em nível nacional. Com uma equipe praticamente montada de jogadores formados pelas categorias de base do clube, fruto do trabalho do próprio Ivić, o Hajduk conquistou, de 1973 a 1976, dois Campeonatos da Iugoslávia - 1974 e 1975 - e quatro Copas da Iugoslávia - de 1972 a 1974 e 1976.
Comandou um time recheado de craques, como Petar Nadoveza, Ivan Katalinić, Dragan Holcer, Jurica Jerković, Luka Peruzović, Vilson Džoni, Brane Oblak, Dražen Mužinić, Ivica Šurjak, Ivan Buljan, Slaviša Žungul e os irmãos Zoran Vujović e Zlatko Vujović.
Depois do grande sucesso no Hajduk, foi contratado pelo gigante holandês Ajax, ficando em Amsterdã por duas temporadas e conquistando o Campeonato Holandês na temporada 1976-77, depois de um jejum de quatro anos sem títulos..
De 1978 a 1980, voltou ao Hajduk, conquistando mais um Campeonato da Iugoslávia, em 1979.
Em 1980, foi contratado pelo belga Anderlecht.
Ivić contratou diversos reforços para o clube, como os grandes Morten Olsen, Wim Hoefkens e Luka Peruzović, conquistando o Campeonato da Bélgica na sua primeira temporada, 1980-81. Em 1981-82, atingiram as semi-finais da Copa dos Campeões da Europa, sendo eliminados pelos futuros campeões, o Aston Villa.
Depois do Anderlecht, teve várias passagens rápidas em diversos clubes. De 1983 a 1984, treinou o Galatasaray; de 1984 a 1985, voltou à Iugoslávia para treinar o Dinamo Zagreb; de 1985 a 1986, treinou o pequeno Avellino, da Itália; ainda em 1986, treinou o Panathinaikos por sete partidas, conquistando o Campeonato Grego; e do fim de 1986 a 1987, retornou novamente ao Hajduk. O que parecia uma carreira turbulenta sofreria uma grande reviravolta.
Em 1987, foi contratado pelo Porto, de Portugal. Montando um time recheado de craques, como o argelino Rabah Madjer, o goleiro polonês Józef Młynarczyk, os portugueses Paulo Futre, António André, Rui Barros e Fernando Gomes e os brasileiros Juary e Geraldão, conquistaria uma série de glórias pelos Dragões.
Na sua temporada inicial, 1987-88, levou o Porto ao título inédito da Copa dos Campeões da Europa, batendo o Bayern de Munique na Final. Ainda na mesma temporada, numa partida espetacular, venceu o Peñarol, conquistando a Copa Intercontinental, e conquistou a Supercopa da Europa.
No ano de 1988, ao fim da temporada, levou ainda o Campeonato Português e a Copa de Portugal. Um feito simplesmente impressionante. Jamais um treinador em Portugal havia conquistado todos os títulos disputados por um mesmo clube. Tornou-se um dos maiores ídolos da história do clube, mesmo treinando os Dragões por apenas uma temporada.
Em 1988, transferiu-se ao Paris St. Germain, ficando por lá até 1990. Para a temporada 1990-91, comandou o Atlético de Madrid, conquistando a Copa del Rey. Manteve-se em Madri por pouco tempo, por conta da personalidade imbecil do presidente Jesús Gil, que demitia treinadores na medida que bebia copos d'água.
Teve uma passagem rápida pelo Olympique Marseille, ainda em 1991, ajudando o clube a conquistar o título do Campeonato Francês.
Voltou a Portugal em 1992, treinando o Benfica e o Porto mais uma vez.
Em 1994, foi apontado treinador da Croácia, auxiliando o país a alcançar classificação pela primeira vez a uma competição internacional, a Euro '96. Liderou os croatas em vários jogos históricos, o mais importante deles, uma vitória contra a Itália em Palermo, por 2 a 1.
Em 1995, foi contratado pelo Monaco como consultor, sendo contratado no mesmo ano pelo Fenerbahçe para o mesmo papel.
De 1995 a 1996, foi para os Emirados Árabes Unidos, treinando a Seleção do país, e o Al-Wasl.
Em 1997, voltou por pouco tempo para o Hajduk, exercendo o cargo de vice-presidente do clube. No mesmo ano, se transferiu para o Irã, onde treinaria a Seleção nacional até meados de 1998.
Com sua carreira se encaminhando para o final, voltou à Bélgica para passar dois anos comandando o Standard Liége, de 1998 a 2000. Passaria mais uma vez pelo Marseille rapidamente, em 2001, encerrando sua carreira no Al-Ittihad, da Arábia Saudita.
Tomislav Ivić faleceu em 24 de junho de 2011, uma semana antes do seu septuagésimo-oitavo aniversário, em decorrências de problemas cardíacos.
Ivić era um treinador extremamente dedicado e disciplinado, mas ao mesmo tempo, um ser humano adorável e divertidíssimo. Adorava fazer brincadeiras com seu grupo de jogadores, além de tratar todos com carinho e atenção.
Metódico, quando se lembrava de alguma coisa, anotava no seu bloquinho de notas, e não tinha receio de ordenar três treinos diários aos seus jogadores.
Além disso, Ivić foi um cosmopolita, falando fluentemente inglês, francês, português, espanhol e alemão, além da sua língua nativa, o servo-croata.
Recebeu a honraria da Insígnia de Ouro do Hajduk em 1975, por conta de seus grandes serviços prestados ao clube.
Ainda, em 2007, o periódico desportivo italiano Gazzetta dello Sport escolheu Tomislav Ivić o treinador mais bem-sucedido de todos os tempos, por ter conquistado oito títulos nacionais em sete países diferentes. Ivić treinou clubes e seleções em 14 países diferentes, além de treinar quatro seleções nacionais, um feito histórico.
O legado do croata ficará na memória do mundo todo, como um treinador extremamente vitorioso, bem como pelo seu grande coração e seu carisma sensacional. Obrigado por tudo, Tomislav Ivić.
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Grandes Uniformes: Copa do Mundo (Parte 5)
Hoje o post é dedicado aos grandes uniformes utilizados na Copa do Mundo de 1994, um dos torneios mais lembrados de todos os tempos. Época de camisas muito grandes, de cores vistosas, inacreditáveis!
Talvez, das últimas 5 edições, foi onde o maior grupo de grandes craques se apresentou simultaneamente. Stoichkov, Hagi, Romário, Rijkaard, Baresi, Preud'Homme, Klinsmann, Matthäus, Hierro, Maradona, Larsson, Scifo, Sánchez, Valderrama, Taffarel, Ravelli, Redondo... Foi um torneio mágico.
Vamos à listagem então!
Bélgica - Home:
A Bélgica, assim como a Noruega, tinha um time muito talentoso e entrosado. Craques como o goleiraço Michel Preud'Homme e os jogadores de linha Enzo Scifo e Luc Nilis abrilhantavam o esquadrão Belga. Fizeram uma boa campanha, sendo eliminados nas oitavas-de-final pela forte Alemanha.
O uniforme dos belgas é memorável, com as cores tradicionais, mas com detalhes marcantes na parte dos ombros. Camisas, calções e meias vermelhas, com detalhes em uma faixa branca no ombro e desenhos em preto e amarelo.
Brasil - Home:
Indiscutivelmente, entre os uniformes mais legais e marcantes da Copa de 1994, está o da Seleção Canarinho, a Campeã do Mundo daquela edição. Os comandados de Carlos Alberto Parreira jogaram um Futebol pragmático, fechado, contando com Romário, para vencer a Copa.
O uniforme era sensacional, da Umbro, com um detalhe no fundo do símbolo da CBF. Camisas amarelas e golas verdes, calções azuis e meias brancas.
Alemanha - Home:
A Seleção defensora do título na edição, a Alemanha contava com um time muito forte, mas já envelhecido. Na primeira edição como Alemanha unificada, foram primeiros colocados no grupo, mas eliminados nas quartas-de-final pela surpreendente seleção da Bulgária.
O uniforme foi bem parecido com o de 1990, com a camisa branca e detalhes nas cores da bandeira alemã na parte superior da camisa, calções pretos e meias brancas. Um uniforme até hoje lembrado pela ousadia.
Estados Unidos - Away:
Esse é o uniforme mais marcante, pra mim, de todos os tempos das Copas do Mundo. Os anfitriões da Copa, os Estados Unidos tinham um time pitoresco, com figuraças, como Alexi Lalas, Marcelo Balboa, Tony Meola e Cobi Jones. Mas fizeram uma campanha relativamente boa, perdendo apenas para o Brasil nas oitavas-de-final.
Não é muito fácil descrever o fardamento. Uma camisa azul com estrelas grandes e golas brancas, calções bordô e meias brancas. Um uniforme excêntrico, porém original. Particularmente, sensacional.
Argentina - Home:
A grande favorita para conquistar o torneio, à frente de Alemanha, Brasil e Itália, a Argentina tinha um esquadrão sensacional. Monstros como Batistuta, Redondo, Simeone, Sensini e claro, a lenda Maradona, desfilaram nos gramados norte-americanos. Infelizmente, a Argentina foi eliminada pela bela seleção da Romênia, nas oitavas-de-final.
O uniforme dos argentinos era o clássico, muito bonito na sua composição, camisas brancas e listras verticais azuis-celeste, calções negros e meias brancas.
Rússia - Away:
A Rússia participava pela primeira vez da Copa do Mundo, depois da divisão da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Naturalmente, a divisão dos talentos foi sentida pelo lado dos russos, que ficaram na primeira fase. Entretanto, consagraram Oleg Salenko, que marcou cinco gols na vitória contra Camarões.
Um design arrojado caracterizou o uniforme dos russos. Fabricado pela Reebok, o uniforme reserva era muito bacana, com camisa branca e detalhes assimétricos em vermelho e azul, calções azuis e meias vermelhas.
Por hoje é isso aí, pessoal. Na próxima, Copa de 1990!
Talvez, das últimas 5 edições, foi onde o maior grupo de grandes craques se apresentou simultaneamente. Stoichkov, Hagi, Romário, Rijkaard, Baresi, Preud'Homme, Klinsmann, Matthäus, Hierro, Maradona, Larsson, Scifo, Sánchez, Valderrama, Taffarel, Ravelli, Redondo... Foi um torneio mágico.
Vamos à listagem então!
Bélgica - Home:
A Bélgica, assim como a Noruega, tinha um time muito talentoso e entrosado. Craques como o goleiraço Michel Preud'Homme e os jogadores de linha Enzo Scifo e Luc Nilis abrilhantavam o esquadrão Belga. Fizeram uma boa campanha, sendo eliminados nas oitavas-de-final pela forte Alemanha.
O uniforme dos belgas é memorável, com as cores tradicionais, mas com detalhes marcantes na parte dos ombros. Camisas, calções e meias vermelhas, com detalhes em uma faixa branca no ombro e desenhos em preto e amarelo.
Brasil - Home:
Indiscutivelmente, entre os uniformes mais legais e marcantes da Copa de 1994, está o da Seleção Canarinho, a Campeã do Mundo daquela edição. Os comandados de Carlos Alberto Parreira jogaram um Futebol pragmático, fechado, contando com Romário, para vencer a Copa.
O uniforme era sensacional, da Umbro, com um detalhe no fundo do símbolo da CBF. Camisas amarelas e golas verdes, calções azuis e meias brancas.
Alemanha - Home:
A Seleção defensora do título na edição, a Alemanha contava com um time muito forte, mas já envelhecido. Na primeira edição como Alemanha unificada, foram primeiros colocados no grupo, mas eliminados nas quartas-de-final pela surpreendente seleção da Bulgária.
O uniforme foi bem parecido com o de 1990, com a camisa branca e detalhes nas cores da bandeira alemã na parte superior da camisa, calções pretos e meias brancas. Um uniforme até hoje lembrado pela ousadia.
Estados Unidos - Away:
Esse é o uniforme mais marcante, pra mim, de todos os tempos das Copas do Mundo. Os anfitriões da Copa, os Estados Unidos tinham um time pitoresco, com figuraças, como Alexi Lalas, Marcelo Balboa, Tony Meola e Cobi Jones. Mas fizeram uma campanha relativamente boa, perdendo apenas para o Brasil nas oitavas-de-final.
Não é muito fácil descrever o fardamento. Uma camisa azul com estrelas grandes e golas brancas, calções bordô e meias brancas. Um uniforme excêntrico, porém original. Particularmente, sensacional.
Argentina - Home:
A grande favorita para conquistar o torneio, à frente de Alemanha, Brasil e Itália, a Argentina tinha um esquadrão sensacional. Monstros como Batistuta, Redondo, Simeone, Sensini e claro, a lenda Maradona, desfilaram nos gramados norte-americanos. Infelizmente, a Argentina foi eliminada pela bela seleção da Romênia, nas oitavas-de-final.
O uniforme dos argentinos era o clássico, muito bonito na sua composição, camisas brancas e listras verticais azuis-celeste, calções negros e meias brancas.
Rússia - Away:
A Rússia participava pela primeira vez da Copa do Mundo, depois da divisão da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Naturalmente, a divisão dos talentos foi sentida pelo lado dos russos, que ficaram na primeira fase. Entretanto, consagraram Oleg Salenko, que marcou cinco gols na vitória contra Camarões.
Um design arrojado caracterizou o uniforme dos russos. Fabricado pela Reebok, o uniforme reserva era muito bacana, com camisa branca e detalhes assimétricos em vermelho e azul, calções azuis e meias vermelhas.
Por hoje é isso aí, pessoal. Na próxima, Copa de 1990!
terça-feira, 11 de setembro de 2012
Craques que Não Assistimos Jogar: Ricardo Zamora
O craque que não pudemos assistir jogar de hoje é um dos grandes nomes da história do Futebol de seu país. É considerado até hoje uma das maiores lendas na sua posição. Um homem polêmico, sem papas na língua, mas também um herói nacional. Um monstro debaixo das traves, Ricardo Zamora.
Nascido em Barcelona, na Espanha, em 21 de janeiro de 1901, Ricardo Zamora Martinez começou a jogar por um clube local, o Universitari SC, aos 13 anos de idade. Já se mostrava um grande arqueiro, fisicamente e tecnicamente.
Foi contratado por outro clube local, desta vez um dos grandes da época, o Espanyol de Barcelona, com singelos quinze anos de idade. Em sua primeira passagem pelo clube, ajudou o clube barcelonense a conquistar o Campeonato da Catalunha, na temporada 1918-19.
Entretanto, uma discussão com diretores do Espanyol o levou a ser transferido para o clube rival da cidade catalã, o grande Barcelona. Lá, já muito experiente, apesar da pouquíssima idade - apenas 18 anos de vida - se uniu a grandes lendas da história do clube, como Josep Samitier, Sagibarba, Paulino Alcántara e Félix Sesúmaga, treinados pelo glorioso coach inglês Jack Greenwell. Entre 1919 e 1922, auxiliou o Barcelona a conquistar por três vezes o Campeonato da Catalunha, e duas vezes a Copa del Rey.
Em 1922, retornou ao Espanyol. Depois de anos sem títulos, em 1929 auxiliou o clube a ser mais uma vez campeão do Campeonato da Catalunha, treinado mais uma vez por Jack Greenwell. Conquistou um dos maiores títulos da história do Espanyol no mesmo ano de 1929, a Copa del Rey, a primeira da história do clube.
No ano de 1930, foi contratado pelo gigante Real Madrid. Junto com Zamora, viria outro grande nome, Jacinto Quincoces, uma lenda na Espanha. Os Merengues desejavam montar uma máquina. E de certa forma, conseguiram.
A temporada 1931-32 trouxe os primeiros resultados, com o Real Madrid conquistando seu primeiro título espanhol. Na temporada seguinte, o ex-Barcelona Josep Samitier se juntou ao grupo, ajudando o clube madrilenho a defender o título espanhol.
Em 1934, o treinador Francisco Bru assumiu o comando dos Merengues, com Zamora comandando a equipe para conquistar mais dois títulos da Copa da Espanha (assim nomeada na época por conta da Revolução dos Republicanos), em 1934 e 1936.
Em 1937, se transferiu para o Nice, da França, exilando-se por conta da Guerra Civil que tomava conta do país. Jogou por lá até 1938, quando se aposentou como jogador.
Em 1939, tornou-se treinador, sendo contratado pelo Atlético Aviación - hoje conhecido como Atlético de Madrid - conquistando os primeiros campeonatos nacionais do clube, em 1940 e 1941. Continuou sua carreira no Celta de Vigo, em 1946. Na temporada 1947-48, conduziu o Celta, que tinha um time relativamente fraco, a um sexto lugar no campeonato nacional e à Final da Copa del Generalíssimo - outro nome para a atual Copa del Rey.
Passou em períodos curtos pelo Málaga, a Seleção Espanhola, mais duas vezes pelo Celta e duas vezes pelo Espanyol, intercaladamente. Encerrou sua carreira de técnico, sendo empregado do Espanyol até rigorosamente o dia do seu falecimento, em 8 de setembro de 1978.
Zamora defendeu em 46 partidas a Seleção da Espanha, bem como o selecionado da Catalunha, em partidas amistosas. Ricardo Zamora fez parte do grupo da Espanha na Copa de 1934, sendo eleito o melhor goleiro do torneio, e protagonista de lances espetaculares, mágicos.
Chamado de El Divino, "O Divino" em espanhol, Zamora é um dos maiores goleiros da história da humanidade. Um jogador alto para a época - media 1,94 - era, ao mesmo tempo que seguro nas bolas altas, ágil e cheio de reflexo, capaz de defesas milagrosas, à queima-roupa. Era um pegador de pênaltis nato, defendendo inúmeros na sua carreira.
Capaz de atuações heroicas, certa feita, numa partida internacional contra a Inglaterra em 1929, continuou a jogar depois de ter quebrado o seu esterno! Ficou muito conhecido por uma defesa milagrosa na Final da Copa do Generalíssimo de 1936, contra seu antigo clube, o Barcelona, garantindo a vitória do Real Madrid.
Era um visionário, utilizando um chapéu e camiseta de gola rolê durante os jogos, tendência seguida pela maioria avassaladora dos goleiros da época e de épocas futuras.
Foi um homem de personalidade, polêmico. Admitiu certa feita ser alcoólatra, bebendo conhaque diariamente, além de fumar três carteiras de cigarro por dia. Não tinha medo de falar o que sentia, inclusive sua posição política contrária à Revolução que ocorreu na Espanha. Foi prisioneiro das tropas revolucionárias, escapando por seu carisma e por aceitar jogar Futebol com os guardas do cárcere.
Foi eleito o quinto maior goleiro da história pela IFFHS, bem como recebeu a Grande Cruz da Ordem de Cisneros, do General Francisco Franco. Ainda, dá nome ao troféu de melhor goleiro da temporada da Espanha, uma honra digna de poucos.
Um goleiro exemplar, e ao mesmo tempo polêmico, Ricardo Zamora é até hoje um dos craques mais cultuados não só da Espanha, mas do Futebol espanhol. Dificilmente irá se encontrar um homem tão corajoso e vivaz quanto ele nas goleiras do mundo todo.
Nascido em Barcelona, na Espanha, em 21 de janeiro de 1901, Ricardo Zamora Martinez começou a jogar por um clube local, o Universitari SC, aos 13 anos de idade. Já se mostrava um grande arqueiro, fisicamente e tecnicamente.
Foi contratado por outro clube local, desta vez um dos grandes da época, o Espanyol de Barcelona, com singelos quinze anos de idade. Em sua primeira passagem pelo clube, ajudou o clube barcelonense a conquistar o Campeonato da Catalunha, na temporada 1918-19.
Entretanto, uma discussão com diretores do Espanyol o levou a ser transferido para o clube rival da cidade catalã, o grande Barcelona. Lá, já muito experiente, apesar da pouquíssima idade - apenas 18 anos de vida - se uniu a grandes lendas da história do clube, como Josep Samitier, Sagibarba, Paulino Alcántara e Félix Sesúmaga, treinados pelo glorioso coach inglês Jack Greenwell. Entre 1919 e 1922, auxiliou o Barcelona a conquistar por três vezes o Campeonato da Catalunha, e duas vezes a Copa del Rey.
Em 1922, retornou ao Espanyol. Depois de anos sem títulos, em 1929 auxiliou o clube a ser mais uma vez campeão do Campeonato da Catalunha, treinado mais uma vez por Jack Greenwell. Conquistou um dos maiores títulos da história do Espanyol no mesmo ano de 1929, a Copa del Rey, a primeira da história do clube.
No ano de 1930, foi contratado pelo gigante Real Madrid. Junto com Zamora, viria outro grande nome, Jacinto Quincoces, uma lenda na Espanha. Os Merengues desejavam montar uma máquina. E de certa forma, conseguiram.
A temporada 1931-32 trouxe os primeiros resultados, com o Real Madrid conquistando seu primeiro título espanhol. Na temporada seguinte, o ex-Barcelona Josep Samitier se juntou ao grupo, ajudando o clube madrilenho a defender o título espanhol.
Em 1934, o treinador Francisco Bru assumiu o comando dos Merengues, com Zamora comandando a equipe para conquistar mais dois títulos da Copa da Espanha (assim nomeada na época por conta da Revolução dos Republicanos), em 1934 e 1936.
Em 1937, se transferiu para o Nice, da França, exilando-se por conta da Guerra Civil que tomava conta do país. Jogou por lá até 1938, quando se aposentou como jogador.
Em 1939, tornou-se treinador, sendo contratado pelo Atlético Aviación - hoje conhecido como Atlético de Madrid - conquistando os primeiros campeonatos nacionais do clube, em 1940 e 1941. Continuou sua carreira no Celta de Vigo, em 1946. Na temporada 1947-48, conduziu o Celta, que tinha um time relativamente fraco, a um sexto lugar no campeonato nacional e à Final da Copa del Generalíssimo - outro nome para a atual Copa del Rey.
Passou em períodos curtos pelo Málaga, a Seleção Espanhola, mais duas vezes pelo Celta e duas vezes pelo Espanyol, intercaladamente. Encerrou sua carreira de técnico, sendo empregado do Espanyol até rigorosamente o dia do seu falecimento, em 8 de setembro de 1978.
Zamora defendeu em 46 partidas a Seleção da Espanha, bem como o selecionado da Catalunha, em partidas amistosas. Ricardo Zamora fez parte do grupo da Espanha na Copa de 1934, sendo eleito o melhor goleiro do torneio, e protagonista de lances espetaculares, mágicos.
Chamado de El Divino, "O Divino" em espanhol, Zamora é um dos maiores goleiros da história da humanidade. Um jogador alto para a época - media 1,94 - era, ao mesmo tempo que seguro nas bolas altas, ágil e cheio de reflexo, capaz de defesas milagrosas, à queima-roupa. Era um pegador de pênaltis nato, defendendo inúmeros na sua carreira.
Capaz de atuações heroicas, certa feita, numa partida internacional contra a Inglaterra em 1929, continuou a jogar depois de ter quebrado o seu esterno! Ficou muito conhecido por uma defesa milagrosa na Final da Copa do Generalíssimo de 1936, contra seu antigo clube, o Barcelona, garantindo a vitória do Real Madrid.
Era um visionário, utilizando um chapéu e camiseta de gola rolê durante os jogos, tendência seguida pela maioria avassaladora dos goleiros da época e de épocas futuras.
Foi um homem de personalidade, polêmico. Admitiu certa feita ser alcoólatra, bebendo conhaque diariamente, além de fumar três carteiras de cigarro por dia. Não tinha medo de falar o que sentia, inclusive sua posição política contrária à Revolução que ocorreu na Espanha. Foi prisioneiro das tropas revolucionárias, escapando por seu carisma e por aceitar jogar Futebol com os guardas do cárcere.
Foi eleito o quinto maior goleiro da história pela IFFHS, bem como recebeu a Grande Cruz da Ordem de Cisneros, do General Francisco Franco. Ainda, dá nome ao troféu de melhor goleiro da temporada da Espanha, uma honra digna de poucos.
Um goleiro exemplar, e ao mesmo tempo polêmico, Ricardo Zamora é até hoje um dos craques mais cultuados não só da Espanha, mas do Futebol espanhol. Dificilmente irá se encontrar um homem tão corajoso e vivaz quanto ele nas goleiras do mundo todo.
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Promessas do Futebol Mundial: Raheem Sterling
Raheem Sterling nasceu em 8 de dezembro de 1994, em Kingston, na Jamaica, sendo criado por sua avó. Aos cinco anos de idade, mudou-se para Londres, na Inglaterra, com a sua mãe.
Aos 10 anos de idade, juntou-se às categorias de base do Queen's Park Rangers, ficando por lá até o ano de 2010. Aos 14 anos de idade, foi capa de um jornal importante na Jamaica, o The Gleaner, que exaltava a evolução do jovem jamaicano, e declarando que Sterling "estava impressionando o Futebol da Inglaterra com seu talento prodigioso".
Em 2010, aos 15 anos de idade, foi comprado pelo Liverpool por 600 mil libras, podendo aumentar para 5 milhões de libras, dependendo do número de atuações no time principal. Raheem estreeou na equipe principal em um amistoso contra o Borussia Mönchengladbach, em 1º de agosto de 2010.
Depois da sua estreia, Sterling passou a jogar pelo time Junior do Liverpool, impressionando pela sua técnica, velocidade e facilidade na frente da goleira. Certa feita, em uma partida contra o Southend United, Sterling marcou cinco vezes em uma vitória de 9 a 0. Era o indicativo de uma carreira próspera.
Em agosto de 2012, Raheem Sterling fez a sua primeira exibição em uma competição europeia, com apenas 17 anos de idade, em uma partida contra o Gomel, da Bielorússia. Marcaria seu primeiro gol pelo time profissional em um amistoso contra o Bayer Leverkusen.
Seu primeiro jogo como titular da equipe principal do Liverpool foi contra o Hearts, numa partida qualificatória para a Europa League. Estreou como titular na Premier League no dia 26 de agosto de 2012, ainda com 17 anos, em um empate contra os atuais campeões, o Manchester City.
Sterling representou a Inglaterra pelas categorias Sub-16, Sub-17 e Sub-19, jogando 23 partidas e marcando 4 gols no total. Apesar de ser elegível para jogar pela seleção da Jamaica, foi surpreendentemente convocado para o English Team, a Seleção Inglesa, pelo treinador Roy Hodgson, que vem apostando em jovens promessas.
Raheem Sterling é um atacante, mas que joga preferencialmente pela ponta, em ambos os lados. É um jogador relativamente pequeno para o padrão atual - mede 1,70m - mas compensa a baixa estatura com muita velocidade e habilidade. É um driblador nato, contando com muita agilidade e técnica, fazendo suas jogadas com inteligência. Além disso, possui grande visão de jogo e tem facilidade para marcar gols.
O jovem jamaicano está surpreendendo tanto aos torcedores de seu clube, que já é comparado, pela semelhança técnica e pela sua origem - a Jamaica - com um dos maiores craques da história do clube, o grande John Barnes.
Sterling é uma das esperanças do Futebol inglês, que nos últimos 20 anos, vem em decadência técnica. Entretanto, com o surgimento de jovens talentosíssimos, como Jack Rodwell, Jack Wilshere, Alex Oxlade-Chamberlain, Jack Butland e Raheem Sterling, o English Team tem tudo pra voltar para as cabeças do cenário futebolístico Mundial.
Depois da sua estreia, Sterling passou a jogar pelo time Junior do Liverpool, impressionando pela sua técnica, velocidade e facilidade na frente da goleira. Certa feita, em uma partida contra o Southend United, Sterling marcou cinco vezes em uma vitória de 9 a 0. Era o indicativo de uma carreira próspera.
Em agosto de 2012, Raheem Sterling fez a sua primeira exibição em uma competição europeia, com apenas 17 anos de idade, em uma partida contra o Gomel, da Bielorússia. Marcaria seu primeiro gol pelo time profissional em um amistoso contra o Bayer Leverkusen.
Seu primeiro jogo como titular da equipe principal do Liverpool foi contra o Hearts, numa partida qualificatória para a Europa League. Estreou como titular na Premier League no dia 26 de agosto de 2012, ainda com 17 anos, em um empate contra os atuais campeões, o Manchester City.
Sterling representou a Inglaterra pelas categorias Sub-16, Sub-17 e Sub-19, jogando 23 partidas e marcando 4 gols no total. Apesar de ser elegível para jogar pela seleção da Jamaica, foi surpreendentemente convocado para o English Team, a Seleção Inglesa, pelo treinador Roy Hodgson, que vem apostando em jovens promessas.
Raheem Sterling é um atacante, mas que joga preferencialmente pela ponta, em ambos os lados. É um jogador relativamente pequeno para o padrão atual - mede 1,70m - mas compensa a baixa estatura com muita velocidade e habilidade. É um driblador nato, contando com muita agilidade e técnica, fazendo suas jogadas com inteligência. Além disso, possui grande visão de jogo e tem facilidade para marcar gols.
O jovem jamaicano está surpreendendo tanto aos torcedores de seu clube, que já é comparado, pela semelhança técnica e pela sua origem - a Jamaica - com um dos maiores craques da história do clube, o grande John Barnes.
Sterling é uma das esperanças do Futebol inglês, que nos últimos 20 anos, vem em decadência técnica. Entretanto, com o surgimento de jovens talentosíssimos, como Jack Rodwell, Jack Wilshere, Alex Oxlade-Chamberlain, Jack Butland e Raheem Sterling, o English Team tem tudo pra voltar para as cabeças do cenário futebolístico Mundial.
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
Craques que Nasceram no País Errado: Peter Ndlovu
O craque de hoje não é muito conhecido para os lados das Américas. Pra falar bem a verdade, não é muito conhecido por boa parte da Europa. É, aí sim, ídolo em uma parte da Inglaterra, mais precisamente em algumas cidades como Coventry, Sheffield, Birmingham e Huddersfield.
Você conhece Peter Ndlovu? Não?
Nascido em 25 de fevereiro de 1973 em Bulawayo, na Rodésia - hoje Zimbábue -, Peter Ndlovu faz parte de uma família de jogadores de Futebol, com seus irmãos Adam e Madinda também atuando profissionalmente. Todos eles cresceram jogando bola nas ruas de Makokoba, onde aprimoravam sua técnica.
Começou sua carreira no Highlanders, do Zimbábue. Por suas boas atuações, chamou a atenção do treinador Terry Butcher, que o levou para a Inglaterra, mais precisamente para o Coventry City. Lá, se tornaria um dos maiores ídolos da história do clube.
Com o Coventry sendo considerado um forte candidato ao rebaixamento na temporada 1992-93, Ndlovu, fazendo uma grande dupla com o lendário centroavante Micky Quinn, ajudou os Sky Blues a chegarem ao topo da tabela no início da Premier League, mas as atuações baixaram de nível, com o Coventry terminando a temporada em décimo-quinto lugar, com ótimas atuações do novato Ndlovu.
Em 1993-94, com as constantes boas atuações do jovem do Zimbábue, o Coventry City conseguiu se manter mais uma vez na Premier League, alcançando um décimo-primeiro lugar. Propostas choveram para Ndlovu, inclusive do Arsenal, que supostamente ofereceu quatro milhões de libras, proposta prontamente negada pelos Sky Blues.
Na temporada 1994-95, o Coventry gastou muito em contratações, como Darren Huckerby, John Salako, Dion Dublin, entre outros. Apesar dos reforços, o Coventry, sob comando de Ron Atkinson, não conseguiu sorte parecida com a temporada passada, terminando em décimo-sexto. Apesar disso, também com as contratações de Mustapha Hadji, Youssef Chippo e Steve Froggatt, Ndlovu passou talvez o seu melhor período com os Sky Blues, marcando gols simplesmente espetaculares.
Para 1996-97, o Coventry manteve a posição da temporada anterior, décimo-sexto lugar. Ndlovu não resistiu, e se transferiu para o Birmingham City, da Segunda Divisão. Apesar disso, Peter Ndlovu era muito querido pelos torcedores dos Sky Blues, sendo chamado carinhosamente de The Bulawayo Bullet, "A Bala de Bulawayo". Ao todo, anotou 41 gols no clube, muitos deles espetaculares.
Ndlovu foi um sucesso nos Blues, jogando ao estilo de um ponta-direita clássico. Driblador, rápido, fazia grandes jogadas, levando o Birmingham a dois Playoffs da Segunda Divisão, não logrando sucesso em nenhuma oportunidade para a promoção para a Premier League. De 1997 a 2001, período de sua passagem, marcou 23 gols.
Depois de passar um período de empréstimo no Huddersfield Town, onde marcou 4 gols em 6 partidas, transferiu-se para o Sheffield United, último grande clube de sua carreira.
Peter Ndlovu seria conhecido carinhosamente pelos torcedores do Sheffield United como "Nuddy", convertendo-se em um meia pelo lado direito do campo. Com Ndlovu, os Blades chegariam a duas semi-finais de competições domésticas, bem como uma final de Playoff da Segunda Divisão inglesa. Entre 2001 e 2004, marcou 25 gols, muitos deles, mais uma vez, memoráveis pela plástica das jogadas.
Na pós-temporada de 2004, transferiu-se para próximo de seu lar, para a África do Sul, no Mamelodi Sundowns. Uma das estrelas do time, o já veterano Ndlovu levou os Sundowns a conquistar dois títulos nacionais consecutivos na África do Sul, nas temporada 2005-06 e 2006-07, marcando 20 gols.
Para 2008, a equipe do Thanda Royal Zulu, recém chegada à Premier Soccer League, contratou o craque do Zimbábue como a maior aquisição da sua história. Infelizmente, Ndlovu não conseguiu salvar a equipe do rebaixamento, sendo dispensado em 2009. Encerrou a carreira depois de passar por dois pequenos times, o Highfield United e Black Mambas.
Na Seleção do Zimbábue, disputou 100 jogos oficiais em 15 anos, marcando 38 gols. Lembrado por seus grandes gols em momentos decisivos, como seu Hat Trick contra a África do Sul na primeira partida do país após o fim do Apartheid, bem como levando o Zimbábue para duas Copas das Nações Africanas seguidas, Peter Ndlovu é considerado o maior jogador da história do país.
Ndlovu era um grande jogador, notável pela sua velocidade hipnotizante e pela sua técnica apurada, capaz de arrancadas insinuantes, quase que invariavelmente acabando em gols espetaculares. Além disso, é um sujeito de grande caráter, querido por todos tanto dentro quanto fora de campo.
Tivesse Ndlovu nascido em algum país de maior expressão no Futebol mundial, talvez tivesse mais sucesso na sua carreira - conquistou apenas dois títulos -, bem como seria muito melhor conhecido pelos apaixonados pelo Futebol.
Você conhece Peter Ndlovu? Não?
Nascido em 25 de fevereiro de 1973 em Bulawayo, na Rodésia - hoje Zimbábue -, Peter Ndlovu faz parte de uma família de jogadores de Futebol, com seus irmãos Adam e Madinda também atuando profissionalmente. Todos eles cresceram jogando bola nas ruas de Makokoba, onde aprimoravam sua técnica.
Começou sua carreira no Highlanders, do Zimbábue. Por suas boas atuações, chamou a atenção do treinador Terry Butcher, que o levou para a Inglaterra, mais precisamente para o Coventry City. Lá, se tornaria um dos maiores ídolos da história do clube.
Com o Coventry sendo considerado um forte candidato ao rebaixamento na temporada 1992-93, Ndlovu, fazendo uma grande dupla com o lendário centroavante Micky Quinn, ajudou os Sky Blues a chegarem ao topo da tabela no início da Premier League, mas as atuações baixaram de nível, com o Coventry terminando a temporada em décimo-quinto lugar, com ótimas atuações do novato Ndlovu.
Em 1993-94, com as constantes boas atuações do jovem do Zimbábue, o Coventry City conseguiu se manter mais uma vez na Premier League, alcançando um décimo-primeiro lugar. Propostas choveram para Ndlovu, inclusive do Arsenal, que supostamente ofereceu quatro milhões de libras, proposta prontamente negada pelos Sky Blues.
Na temporada 1994-95, o Coventry gastou muito em contratações, como Darren Huckerby, John Salako, Dion Dublin, entre outros. Apesar dos reforços, o Coventry, sob comando de Ron Atkinson, não conseguiu sorte parecida com a temporada passada, terminando em décimo-sexto. Apesar disso, também com as contratações de Mustapha Hadji, Youssef Chippo e Steve Froggatt, Ndlovu passou talvez o seu melhor período com os Sky Blues, marcando gols simplesmente espetaculares.
Para 1996-97, o Coventry manteve a posição da temporada anterior, décimo-sexto lugar. Ndlovu não resistiu, e se transferiu para o Birmingham City, da Segunda Divisão. Apesar disso, Peter Ndlovu era muito querido pelos torcedores dos Sky Blues, sendo chamado carinhosamente de The Bulawayo Bullet, "A Bala de Bulawayo". Ao todo, anotou 41 gols no clube, muitos deles espetaculares.
Ndlovu foi um sucesso nos Blues, jogando ao estilo de um ponta-direita clássico. Driblador, rápido, fazia grandes jogadas, levando o Birmingham a dois Playoffs da Segunda Divisão, não logrando sucesso em nenhuma oportunidade para a promoção para a Premier League. De 1997 a 2001, período de sua passagem, marcou 23 gols.
Depois de passar um período de empréstimo no Huddersfield Town, onde marcou 4 gols em 6 partidas, transferiu-se para o Sheffield United, último grande clube de sua carreira.
Peter Ndlovu seria conhecido carinhosamente pelos torcedores do Sheffield United como "Nuddy", convertendo-se em um meia pelo lado direito do campo. Com Ndlovu, os Blades chegariam a duas semi-finais de competições domésticas, bem como uma final de Playoff da Segunda Divisão inglesa. Entre 2001 e 2004, marcou 25 gols, muitos deles, mais uma vez, memoráveis pela plástica das jogadas.
Na pós-temporada de 2004, transferiu-se para próximo de seu lar, para a África do Sul, no Mamelodi Sundowns. Uma das estrelas do time, o já veterano Ndlovu levou os Sundowns a conquistar dois títulos nacionais consecutivos na África do Sul, nas temporada 2005-06 e 2006-07, marcando 20 gols.
Para 2008, a equipe do Thanda Royal Zulu, recém chegada à Premier Soccer League, contratou o craque do Zimbábue como a maior aquisição da sua história. Infelizmente, Ndlovu não conseguiu salvar a equipe do rebaixamento, sendo dispensado em 2009. Encerrou a carreira depois de passar por dois pequenos times, o Highfield United e Black Mambas.
Na Seleção do Zimbábue, disputou 100 jogos oficiais em 15 anos, marcando 38 gols. Lembrado por seus grandes gols em momentos decisivos, como seu Hat Trick contra a África do Sul na primeira partida do país após o fim do Apartheid, bem como levando o Zimbábue para duas Copas das Nações Africanas seguidas, Peter Ndlovu é considerado o maior jogador da história do país.
Ndlovu era um grande jogador, notável pela sua velocidade hipnotizante e pela sua técnica apurada, capaz de arrancadas insinuantes, quase que invariavelmente acabando em gols espetaculares. Além disso, é um sujeito de grande caráter, querido por todos tanto dentro quanto fora de campo.
Tivesse Ndlovu nascido em algum país de maior expressão no Futebol mundial, talvez tivesse mais sucesso na sua carreira - conquistou apenas dois títulos -, bem como seria muito melhor conhecido pelos apaixonados pelo Futebol.
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Grandes Jogos: Porto x Peñarol - 1987
Em 13 de dezembro de 1987, foi realizada a oitava edição da Copa Toyota Intercontinental, também conhecida como Mundial de Clubes. Disputariam-na o Porto, campeão da Europa, e o Peñarol, campeão da América do Sul.
O Porto disputava a sua primeira Copa Intercontinental, depois de vencer pela primeira vez a Copa dos Campeões Europeus, o Peñarol já era quatro vezes campeão da Libertadores da América, vencendo dois títulos do Mundial de Clubes e um título da Copa Intercontinental, em 1982.
Campanhas:
O Futebol Clube do Porto foi o vencedor da Copa dos Campeões Europeus de 1987, a primeira da sua história. Começaram no torneio enfrentando o Rabat Ajax, de Malta, batendo-os no resultado agregado por 10 a 0. Nas oitavas-de-final, parada dura, contra o Vítkovice, da Tchecoslováquia. O Porto perdeu fora de casa por 1 a 0, mas bateu os tchecoslovacos na volta por 3 a 0.
Nas quartas, mais um confronto difícil, desta vez contra o Brøndby. Vitória de um a zero, em casa, e empate em um a um na Dinamarca. Para as semi-finais, confronto contra o forte Dinamo de Kiev, da extinta União Soviética. Surpreendentemente, o Porto venceu as duas partidas por 2 a 1.
Na final, um jogo dificílimo, contra um forte adversário, o Bayern. Depois de estarem perdendo por boa parte do jogo, surgiu a estrela do melhor jogador do Porto, o argelino Rabah Madjer, marcando um golaço, de calcanhar, ousado, matreiro, empatando a partida. O brasileiro Juary marcaria mais um gol dois minutos depois, virando a partida e dando ao Porto o seu primeiro título de Campeão da Europa. Se destacaram no torneio os atacantes Fernando Gomes, capitão e artilheiro do time, o jovem craque Paulo Futre, vendido após o torneio para o Atlético de Madrid, Madjer, Juary e o zagueiro brasileiro Celso, que marcou vários gols de falta.
Já o Peñarol iniciou a Libertadores em um grupo que tinha Alianza Lima e San Agustín, do Peru, e o Progreso, do Uruguai. Numa campanha invicta, obtiveram quatro vitórias e dois empates. Na segunda fase de grupos, um triangular contra River Plate e Independiente. Os Carboneros obtiveram duas vitórias, um empate e uma derrota, passando para a Final.
Na Final da Libertadores, enfrentamento contra o América de Cali. Na primeira partida, derrota em Cali por 2 a 0. No jogo da volta, vitória de 2 a 1 em Montevideo. Por conta das regras da época, que não consideravam o saldo de gols, um terceiro jogo de desempate teria que ser disputado. Em Santiago, na terceira partida, a partida se manteve empatada no tempo normal, indo para a prorrogação.
Um lance sensacional marcou a história deste time. Até os quinze minutos do segundo tempo, a prorrogação se manteve empatada em zero a zero. Persistindo o empate, o América de Cali seria o campeão da Libertadores. Entretanto, aos 15 minutos do segundo tempo da prorrogação, Diego Aguirre, o matador e melhor jogador da equipe, recebeu a bola na entrada da área e mandou um foguete de pé esquerdo para o fundo das redes. Vitória extraordinária e o quinto título da Libertadores da América para o Peñarol!
O Jogo:
Como disse no início do post, as condições de jogo eram completamente inóspitas. Uma nevasca caía na hora do jogo, final de tarde na cidade de Tóquio. Mesmo assim, de maneira incrível, cerca de 68 mil pessoas foram ao Estádio Nacional de Tóquio para assistir a partida, o que demonstra o amor dos japoneses pelo Futebol.
O Porto tinha um time que dispunha de mais qualidade técnica, com um bom toque de bola e jogadores habilidosos no meio-campo e no ataque. O Peñarol era o contraponto, e representante do Futebol aguerrido e de força física característico dos platinos. O Porto já não contava mais com o craque Paulo Futre, com Juary e com Celso, lesionados. O Peñarol vinha com força total.
Em tese, tudo indicava que o jogo estava melhor para os uruguaios.
O Porto estava escalado com: Mlynarczyk; João Pinto, Geraldão, Lima Pereira, Augusto Inácio; António André, Jaime Magalhães, Rui Barros (Quim/61') e António Sousa; Madjer e Fernando Gomes. Os Dragões eram comandados pelo experiente treinador iugoslavo Tomislav Ivić.
O Peñarol vinha armado com: Pereira; Rotti, Trasante, Herrera (Gonçalvez/95'), Dominguez; Perdomo, da Silva, Viera; Vidal, Aguirre e Cabrera (Matosas/45'). O técnico era o jovem Óscar Tabárez.
O jogo, em resumo, foi uma disputa de chutões, de ambos os lados. Não havia possibilidade de se elaborar qualquer tipo de troca de passes, ou alguma jogada mais técnica, por conta das condições climáticas, que acabaram por desmanchar o gramado imaculado do Estádio Nacional de Tóquio.
Houve poucas chances, e os gols sairiam das únicas jogadas que os times conseguiriam fazer no jogo todo. A primeira chance foi uma falta cobrada por da Silva, um chute forte da intermediária, para uma defesa de dois tempos do ótimo goleiro polonês Józef Mlynarczyk. A chance seguinte foi do Porto, depois de um lateral cobrado por Inácio, André chutou, mandando para a rede do lado de fora.
O primeiro gol saiu em um belo lance, mesmo na neve. Aos 41 minutos de jogo, Jaime Magalhães lançou a bola pela ponta direita para Rabah Madjer, que deu um corte seco no defensor, chutando de pé esquerdo para a goleira. A bola passou mansamente por todos, sendo mandada para as redes pelo capitão Fernando Gomes, dividindo com o zagueiro e marcando 1 a 0 no placar. Placar definido? Nunca!
O Peñarol tentava bravamente avançar, mas não conseguia. Até que aos 35 minutos do segundo tempo, os Carboneros conseguiram um escanteio. Da Silva mandou um chutão para dentro da área, Matosas cabeceou para a pequena área, encontrando o canhoto Viera, que, entre três zagueiros, matou a bola e chutou de virada para o fundo das redes. Era um empate milagroso. O placar marcava 1 a 1.
Madjer ainda perderia um gol claro ao fim do tempo regulamentar, depois de ser lançado por Fernando Gomes pela esquerda, chegando à frente do goleiro Pereira, mas chutando de pé esquerdo para fora. A prorrogação, e com ela, mais um sacrifício, estava por vir. Mas Madjer se redimiria, e muito bem.
Depois de perder uma chance em frente a Pereira no primeiro tempo da prorrogação, se tornaria o herói do jogo. Após uma série de divididas duras e chutões desgovernados, Augusto Inácio se desvencilharia de dois atacantes do Peñarol, lançando Madjer pelo lado esquerdo do campo. O zagueiro Trasante chegou primeiro na bola, mas Madjer espertamente roubou a pelota, surpreendendo Pereira com um chute por cobertura de muito longe, que entrou devagarzinho no canto esquerdo da goleira. Um gol espetacular, a coroação de um dos maiores jogadores da história do Porto. 2 a 1, e aí sim, placar definido.
O Peñarol ainda tentaria, desesperadamente, marcar um gol salvador, sem sucesso. Mlynarczyk ainda faria uma boa defesa numa bola alçada na área, mas nada muito perigoso.
Ganhou o melhor time. Mas também ganhou o time que tinha um cracaço. O maior jogador da história da África, Rabah Madjer, que, justamente, foi eleito o melhor em campo.
O Porto ainda venceria a Supercopa da Europa em cima do Ajax na mesma temporada, alcançando a Tríplice Coroa dos torneios europeus de clubes. Desde então, o Porto ganharia duas Copas da UEFA, nas temporadas 2002-03 e 2010-11 (já como UEFA Europa League), e mais uma vez a UEFA Champions League e um Mundial de Clubes, na temporada 2003-04.
O Peñarol não teria a mesma sorte. Desde a Libertadores de 1987, os Carboneros não ganharam mais nenhum torneio internacional, sofrendo crises financeiras e técnicas.
Abaixo, o vídeo completo da partida. Bom proveito!
terça-feira, 4 de setembro de 2012
Grandes Times: The Invincibles
Na temporada 2002-03, o treinador do Arsenal, Arsène Wenger, depois de um título na temporada anterior, mostrou toda a sua ambição. Declararia, no início da Premier League, que "Temos condições de nos mantermos invictos em todas as competições, se mantivermos a atitude correta". Infelizmente, o Arsenal deixaria escapar um título praticamente garantido, para os seus grandes rivais, o Manchester United.
Para a temporada 2003-04, Wenger renovou os contratos dos dois dos seus mais importantes atletas, Patrick Vieira e Robert Pirès, além de adquirir o lendário goleiro Jens Lehmann junto ao Borussia Dortmund, pela baixa quantia de um milhão e meio de libras, substituindo David Seaman, que sairia para o Manchester City.
Ainda contrataria mais seis jogadores: José Antonio Reyes, junto ao Sevilla, por dez milhões e meio de libras, Gaël Clichy, do Cannes, por 250 mil libras, Robin van Persie, junto ao Feyenoord, por três milhões de libras, Phillipe Senderos, do Servette, por valor não divulgado, Johan Djourou, do Étoile Carouge, de graça, e Cesc Fàbregas, do Barcelona, de graça.
Estava iniciando a temporada de um timaço, uma máquina de jogar bola.
Na pré-temporada, um início assustador na turnê de jogos amistosos: derrota para o Peterborough United por 1 a 0. Mas na verdade, o selecionado dos Gunners não passava de meros reservas e jogadores em teste. No restante dos amistosos, quatro vitórias e quatro empates. Na FA Community Shield, seriam derrotados pelo Manchester United nos pênaltis, depois de um empate em 0 a 0 no tempo normal.
Entretanto, isso não se repetiria na temporada da Premier League. O Arsenal começou com quatro vitórias seguidas, incluindo um massacre contra o Middlesbrough fora de casa por 4 a 0. Depois de um empate em 1 a 1 com o Portsmouth em casa, novo empate sem gols com o Manchester United, em Old Trafford.
Em seguida, seis vitórias e um empate em sete jogos, incluindo vitórias contra rivais tradicionais, como o Newcastle, Liverpool e Chelsea, nesta ordem. No derby de Londres, vitória de 2 a 1 contra o Tottenham, no Highbury, antigo estádio do Arsenal.
Depois, dois empates, com o Fulham e o Leicester City. Nos últimos quatro jogos do primeiro turno, três vitórias e apenas um empate contra o Bolton Wanderers.
O Arsenal iniciaria o segundo turno com um empate em 1 a 1 contra o Everton, no Goodison Park. A partir deste jogo, eles mostrariam que eram imparáveis.
Nos nove jogos seguintes, nove vitórias. Marcaram 21 gols e sofreram apenas 6, uma marca impressionante. Em ordem, bateram o Middlesbrough, Aston Villa, Manchester City, Wolves, Southampton, Chelsea, Charlton, Blackburn e Bolton. Uma série vitoriosa espetacular.
Na sequência seguinte, empatariam com o Manchester United, desta vez em Highbury, e bateriam o forte Liverpool por 4 a 2, empatariam sem gols contra o Newcastle. Na rodada seguinte, a vitória mais convincente do time.
Em Highbury, o Arsenal receberia o Leeds United, massacrando o seu adversário por 5 a 0, com direito a atuação de gala e quatro gols do craque que seria o grande nome da equipe na temporada, Thierry Henry.
Terminariam a temporada da Premier League com três empates, contra o Tottenham, Birmingham City e Portsmouth, e duas vitórias nos dois últimos jogos, contra o Fulham e Leicester City.
Em concomitância com a campanha espetacular na Premier League, o Arsenal não teria tanta sorte em outros torneios.
Na FA Cup, chegaria até as semi-finais, perdendo para o único time que não seria derrotado pelos Gunners, o Manchester United. Na Copa da Liga, seriam derrotados no resultado agregado de 3 a 1 para o surpreendente Middlesbrough. Na UEFA Champions League, seriam eliminados nas quartas-de-final pelo Chelsea, depois de uma recuperação incrível na fase de grupos.
Entretanto, não existia forma de tirar importância da campanha maravilhosa feita na Premier League. Apenas o Preston North End havia conseguido, 115 anos antes, a mesma façanha, qual seja, vencer o Campeonato Inglês sem perder um único jogo.
O esquadrão dos Gunners ficou carinhosamente conhecido pela imprensa e pela sua torcida como The Invincibles, inglês para "Os Invencíveis", cuja explicação se torna desnecessária. Anotariam 90 pontos, com 26 vitórias e 12 empates, marcando 73 gols e sofrendo 26, números inimagináveis para um time de uma liga tão forte quanto a inglesa.
O time titular era o seguinte:
Jens Lehmann;
Lauren Bisan-Etame, Kolo Touré, Sol Campbell, Ashley Cole;
Patrick Vieira, Gilberto Silva, Fredrik Ljungberg, Robert Pirès;
Dennis Bergkamp e Thierry Henry.
Um verdadeiro timaço. Além da notória qualidade técnica de todos os jogadores, alguns deles tiveram uma temporada simplesmente mágica.
O mais notável deles, obviamente, foi o craque francês Thierry Henry. Henry marcou 38 gols ao todo na temporada, com 30 deles apenas na Premier League, tornando-se o artilheiro do torneio e o melhor jogador da temporada.
Outros jogadores que se destacaram muito, por conta de suas atuações exuberantes, foram o meia Patrick Vieira, simplesmente sensacional dentro do gramado, o goleiro Jens Lehmann, que foi titular em todas as partidas dos Gunners na Premier League, e os meias Robert Pirès e Fredrik Ljungberg, que marcaram juntos 29 gols!
Para se ter uma ideia da superioridade do Arsenal na temporada 2003-04, na seleção da Associação dos Futebolistas Profissionais do ano, dos onze selecionados, seis faziam parte do time titular do Arsenal - Lauren, Ashley Cole, Sol Campbell, Patrick Vieira, Robert Pirès e Thierry Henry.
O título da Premier League da temporada 2003-04 seria o marco da carreira de Arsène Wenger como treinador. A sua ideia do ano anterior havia parcialmente se concretizado, tendo os Gunners sofrido sete derrotas na temporada toda, um número baixíssimo, mas condizente com o Futebol apresentado pelo Arsenal.
Além da campanha maravilhosa, o Wenger colocou em campo um time encantador, de categoria, de estro sensacional. Uma equipe capaz de jogar um Futebol mágico e eficiente, de toque de bola, habilidade e de plástica incomparáveis.
Com justiça, este time do Arsenal, The Invincibles, foi escolhido como o melhor time da história da Premier League. E, francamente, não acredito que vá surgir alguma outra equipe parecida como esta na Inglaterra por um longo tempo...
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Grandes Treinadores: Arrigo Sacchi
O grande treinador homenageado de hoje foi um caso de sucesso repentino e inesperado. Um homem que conseguiu um sucesso enorme treinando um clube de ponta, sendo totalmente desacreditado. O nome desse grande maestro é Arrigo Sacchi.
Nascido no dia 1º de abril de 1946 em Fusignano, na Itália, o jovem Arrigo era um modesto vendedor de sapatos na sua cidade, jogando Futebol em clubes amadores locais, o Fusignano CF e o Bellaria.
Um apaixonado por Futebol e pela teoria que envolve o esporte, cresceu assistindo equipes ofensivas na televisão, como por exemplo, o Real Madrid, a Seleção Brasileira e a Seleção da Holanda. Logo, criou a mentalidade que carregaria por toda sua carreira, ao contrário da ideia que se perpetuava no Futebol italiano na época, de defesa forte e contra-ataques rápidos.
Iniciou sua carreira de treinador muito jovem, aos 26 anos de idade, no Baracca Lugo, um clube da sua cidade. Tornou-se treinador porque não era jogador bom o suficiente para jogar pelo clube!
Entretanto, seu início não seria livre de problemas. Por causa da sua pouca idade, tinha conflitos com o grupo de jogadores, declarando: "Eu tinha vinte e seis anos, meu goleiro tinha trinta e nove e meu centro-avante tinha trinta e dois. Eu tinha que convencê-los a fazer as coisas".
Depois do Baracca Lugo, passou pelo Bellaria, antes de ser contratado pelo Cesena, aí sim um clube profissional, trabalhando nas categorias de base do clube. Após uma passagem rápida, foi contratado pelo Rimini, que jogava na Série C1, quase conquistando o título da divisão.
Seu reconhecimento veio quando foi contratado pela Fiorentina, para trabalhar novamente nas categorias de base. Suas conquistas na categoria de base atraíram o interesse do Parma, que também estava na Série C1.
Na primeira temporada no comando dos Gialloblú, obteve a promoção para a Serie B, e na temporada seguinte, ficou a três pontos de uma nova promoção, desta vez para a Serie A. Entretanto, a sua maior conquista no Parma se deu na disputa da Coppa Italia.
Na fase de grupos do torneio, o Parma bateria o Milan por 1 a 0. Como se já não fosse suficiente a surpresa na fase de grupos, o Parma venceria o Milan na primeira fase eliminatória, no agregado por 1 a 0, surpreendendo o país, e também o dono do clube milanês, o magnata das comunicações, Silvio Berlusconi.
Berlusconi se surpreendeu com o jovem e talentoso treinador do Parma, o contratando para os Rossoneri.
A chegada de Arrigo Sacchi no Milan foi bastante conturbada. A imprensa do país duvidava muito das credenciais do treinador, por jamais ter sido um atleta profissional, e também questionando se um técnico com tão pouca experiência poderia comandar um time de estrelas do Milan. Sacchi, espertíssimo, deflagrou uma frase histórica, que influenciaria uma geração não só de profissionais do Futebol, mas profissionais de todas as áreas:
"Eu não tinha me dado conta de que, para ser um jóquei, eu precisaria ter nascido um cavalo"
Arrigo Sacchi, novamente surpreendendo a todos, foi o primeiro comandante de um time histórico do Milan. Para se ter uma ideia da grandeza da equipe comandada por Sacchi, escalo os grandes jogadores que foram treinados por ele entre 1988 e 1990, período da sua passagem por San Siro:
Goleiros: Giovanni Galli e Sebastiano Rossi;
Laterais: Mauro Tassotti, Filippo Galli, Paolo Maldini e Roberto Mussi;
Zagueiros: Franco Baresi e Alessandro Costacurta;
Meias: Frank Rijkaard, Roberto Donadoni, Carlo Ancelotti, Giovanni Stroppa, Alberigo Evani, Ruud Gullit, Demetrio Albertini e Diego Fuser;
Atacantes: Daniele Massaro, Marco Simone e Marco van Basten.
Alguns podem dizer: "Ah, mas com tantos craques, qualquer um seria multi-campeão". Na verdade, há de se reconhecer o grande trabalho do inteligente treinador. Além de vencer o Campeonato Italiano de 1988, e no mesmo ano, a Supercopa da Itália, venceu por duas vezes seguidas a Copa dos Campeões Europeus e a Copa Intercontinental de Clubes, em 1989 e 1990, Arrigo Sacchi foi pioneiro do esquema mais reconhecido do Futebol mundial, o nosso 4-4-2.
O 4-4-2 foi criado no final da década de 80. A intenção da formação é de fortalecer a estruturação do meio-campo, bem como equilibrar todos os setores da equipe, com a ideia primeira de se ter 8 jogadores atacando, e 8 jogadores defendendo, contando com o apoio dos laterais no ataque e com os meias para fortalecer a defesa.
Sacchi foi o responsável por implantar tal esquema para o fantástico esquadrão Rossonero. Foi o responsável por consagrar jovens craques, como o lateral-esquerdo e depois zagueiro Paolo Maldini, os meias Roberto Donadoni e Demetrio Albertini, e o atacante Daniele Massaro. Além disso, adaptou seus craques holandeses - Gullit, Rijkaard e van Basten - perfeitamente ao esquema, bem como instituiu Franco Baresi, talvez o maior zagueiro da história, como líder máximo da equipe.
Foi uma era dourada para o Milan. Um time impecável.
Depois do seu reconhecido sucesso como treinador do Milan, foi contratado em 1991 para comandar a Squadra Azzurra, e levar a equipe novamente às glórias, que não vinham desde a Copa de 1982.
Em 1994, com um time que contava com grandes craques, usando como base o Milan, bem como outros jogadores, como Roberto Baggio, Gianluca Pagliuca, Giuseppe Signori e Gianfranco Zola, levou a Azzurra para a Final da Copa do Mundo. Em um jogo disputadíssimo, tenso, com ambas as equipes jogando de forma cautelosa, acabou a Itália sendo derrotada na disputa de pênaltis, ficando com o vice-campeonato.
Sacchi permaneceu no cargo até o ano de 1996, quando retornou brevemente ao Milan. Em 1998, foi contratado pelo Atlético de Madrid, onde ficou por um ano, fazendo uma campanha modesta, mas classificando a equipe para a Copa da UEFA.
Retornaria a treinar o Parma em 2001, mas não obteve grande sucesso. Em 2004, foi contratado pelo Real Madrid para ser o Diretor de Futebol do clube, cargo que exerceria com maestria. Entretanto, com a demissão do treinador brasileiro Vanderlei Luxemburgo, pediria demissão.
Hoje, é um comentarista de sucesso na televisão italiana, bem como o coordenador das categorias de base e juvenis da Seleção Italiana.
Arrigo Sacchi foi um dos maiores treinadores do final da década de 80, e também na década de 90. Inovou com sua moderna formação, o 4-4-2, auxiliado pelo grupo de estro estelar que tinha no Milan. Sua personalidade e sua inteligência tática marcaram o Futebol mundial.
É, sem qualquer sombra de dúvida, digno de constar em qualquer galeria dos maiores treinadores da história do Futebol.
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