quinta-feira, 2 de maio de 2013

Grandes Times: Os Leões de Lisboa

O Grande Time do post de hoje marcou a história por ser pioneiro de um Futebol jogado de forma ofensiva e bonita, em meio a uma época em que o defensivismo do Catenaccio e o pragmatismo do jogo catimbado e cauteloso imperava na Europa.

Um time formado por jogadores totalmente identificados com o seu clube, comandado por uma grande figura da história da Grã-Bretanha. Misture tudo isso com a paixão que envolve a camisa alviverde do Celtic, e você terá o maior time de sua história, conhecido como Os Leões de Lisboa.

O início de tudo foi a chegada do irreverente treinador Jock Stein ao Celtic Park, em Glasgow, no ano de 1965, em meio a uma temporada conturbada no clube católico. As temporadas anteriores não vinham sendo de todo proveitosas, e o trabalho do legendário comandante era de reerguer os celtas.

Apesar da equipe já estar praticamente montada, contando com os experientes Ronnie Simpson, Bertie Auld e Stevie Chalmers, além das jovens promessas Jimmy Johnstone e Bobby Lennox, faltava um modelo de jogo mais convincente, característica que seria trazida por Stein.

Na primeira temporada com as rédeas do Celtic, Stein conseguiu vencer a Copa da Escócia, batendo o Dunfermline na Final. Na temporada seguinte, 1965-66, venceria o Campeonato Escocês e a Copa da Liga Escocesa.

No entanto, a temporada gloriosa e que levaria os Leões de Lisboa à consagração seria a próxima, 1966-67.

Com um time praticamente igual ao dos anos anteriores, mas contando com o reforço do centroavante Joe McBride, o Celtic encontrou um padrão de jogo insinuante, ofensivo, rápido e forte, que encantava as plateias dos estádios onde passava.

O esquadrão alviverde arrebataria todos os torneios domésticos que disputou: o Campeonato Escocês, a Copa da Escócia e a Copa da Liga Escocesa. Mas a grande glória viria no âmbito continental.

Em uma campanha sólida, passando pelo Zürich, Nantes, Vojvodina e Dukla Praha, respectivamente, o Celtic chegaria à Final da Copa da Europa para enfrentar um timaço: La Grande Inter, comandada pelo legendário Helenio Herrera, inventor do Catenaccio e do anti-jogo, e comandante de uma equipe já campeão do torneio em 1964 e 1965.

Como de praxe, a mídia desportiva ressaltava a suposta categoria superior do esquadrão italiano, apontando como quase certa uma tríplice conquista da Inter, arrebatando três títulos continentais em quatro anos. Para piorar, o artilheiro Joe McBride não atuaria, acometido de uma grave lesão no joelho.

Duplo azar do Celtic: na segunda investida de ataque da Inter, Jim Craig cometeu um pênalti infantil sobre Sandro Mazzola. O mesmo não desperdiçou a cobrança, colocando os italianos à frente após apenas sete minutos de partida.

O gol abriria espaço para o jogo tradicional dos italianos, uma retranca impenetrável, explorando apenas os erros do adversário.

Entretanto, o mesmo fato daria início a maior pressão da história do Futebol. Um verdadeiro jogo de ataque contra defesa.

Os escoceses arrematariam por impressionantes 41 vezes a gol, duas destas atingindo o travessão, treze sendo repelidas pelo arqueiro Giuliano Sarti, sete sendo bloqueadas ou desviadas pela defesa italiana e as restantes não indo em direção à meta.

Finalmente, aos 18 minutos do segundo tempo, Craig se redimiria, carregando a bola pelo flanco direito e servindo o lateral-esquerdo Tommy Gemmell, que fuzilou a bola para o fundo das redes.

Ingratamente para a Inter, aos 39 minutos do segundo tempo, quando a partida se encaminhava para uma tortuosa prorrogação, Steve Chalmers desviou um chute longo de Bobby Murdoch, marcando o segundo gol dos alviverdes e sacramentando a vitória histórica: 2 a 1.

Um pandemônio se instaurou no Estádio Nacional de Lisboa, com uma enorme quantidade de torcedores escoceses invadindo o gramado para congratular seus heróis. O Celtic se tornou o primeiro clube britânico a vencer a Copa da Europa, e o único clube escocês a atingir tal feito.

Billy McNeill, o capitão da equipe, ergueria a taça em um pódio do estádio, frente à tamanha confusão que se criara no campo.

Os Leões de Lisboa, nome pelo qual é chamado o time que disputou aquela partida, eram os seguintes:

Ronnie Simpson;
Jim Craig, Billy McNeill, John Clark, Tommy Gemmell;
Bobby Murdoch, Bertie Auld;
Jimmy Johnstone, Willie Wallace, Steve Chalmers e Bobby Lennox.

A vitória do Celtic no dia 25 de maio de 1967 determinou a derrocada do estilo defensivo de se jogar Futebol. O resultado foi comemorado pelo mundo inteiro, que via nascer um jeito mais atraente e ofensivo de se praticar o esporte.

A imprensa desportiva, fulgurosa com o resultado, agradecia ao esquadrão alviverde por mostrar o verdadeiro significado do Futebol, trazendo de volta às glórias o jeito efervescente e ofensivista, com força, técnica e criatividade.

Jock Stein se tornou lenda naquela tarde, sendo considerado até hoje um dos maiores treinadores da história do esporte bretão. Permaneceu em Glasgow até 1978, vencendo mais diversos títulos nacionais e chegando a mais uma Final do torneio europeu, em 1970, onde não teve a mesma sorte da primeira oportunidade.

Foi o responsável pelo embrião do que se tornaria o Futebol Total, que explorava a qualidade técnica e a versatilidade de todos os atletas dispostos no campo, com velocidade, alta frequência de passes e muitas chegadas na goleira adversária.

Ainda, um fato curioso que engrandeceria ainda mais a imagem dos Leões de Lisboa era que todos os atletas da equipe haviam nascido a, no máximo, trinta milhas de distância do estádio Celtic Park, em Glasgow, o que aumentou ainda mais a identificação da torcida com o escrete.

Jamais o Celtic alçaria vôos tão altos, e nunca mais na história da Escócia, quem sabe até da Grã-Bretanha, foi montado um time tão fulgurante e excitante como este.

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