terça-feira, 11 de setembro de 2012

Craques que Não Assistimos Jogar: Ricardo Zamora

O craque que não pudemos assistir jogar de hoje é um dos grandes nomes da história do Futebol de seu país. É considerado até hoje uma das maiores lendas na sua posição. Um homem polêmico, sem papas na língua, mas também um herói nacional. Um monstro debaixo das traves, Ricardo Zamora.

Nascido em Barcelona, na Espanha, em 21 de janeiro de 1901, Ricardo Zamora Martinez começou a jogar por um clube local, o Universitari SC, aos 13 anos de idade. Já se mostrava um grande arqueiro, fisicamente e tecnicamente.

Foi contratado por outro clube local, desta vez um dos grandes da época, o Espanyol de Barcelona, com singelos quinze anos de idade. Em sua primeira passagem pelo clube, ajudou o clube barcelonense a conquistar o Campeonato da Catalunha, na temporada 1918-19.

Entretanto, uma discussão com diretores do Espanyol o levou a ser transferido para o clube rival da cidade catalã, o grande Barcelona. Lá, já muito experiente, apesar da pouquíssima idade - apenas 18 anos de vida - se uniu a grandes lendas da história do clube, como Josep Samitier, Sagibarba, Paulino Alcántara e Félix Sesúmaga, treinados pelo glorioso coach inglês Jack Greenwell. Entre 1919 e 1922, auxiliou o Barcelona a conquistar por três vezes o Campeonato da Catalunha, e duas vezes a Copa del Rey.

Em 1922, retornou ao Espanyol. Depois de anos sem títulos, em 1929 auxiliou o clube a ser mais uma vez campeão do Campeonato da Catalunha, treinado mais uma vez por Jack Greenwell. Conquistou um dos maiores títulos da história do Espanyol no mesmo ano de 1929, a Copa del Rey, a primeira da história do clube.

No ano de 1930, foi contratado pelo gigante Real Madrid. Junto com Zamora, viria outro grande nome, Jacinto Quincoces, uma lenda na Espanha. Os Merengues desejavam montar uma máquina. E de certa forma, conseguiram.

A temporada 1931-32 trouxe os primeiros resultados, com o Real Madrid conquistando seu primeiro título espanhol. Na temporada seguinte, o ex-Barcelona Josep Samitier se juntou ao grupo, ajudando o clube madrilenho a defender o título espanhol.

Em 1934, o treinador Francisco Bru assumiu o comando dos Merengues, com Zamora comandando a equipe para conquistar mais dois títulos da Copa da Espanha (assim nomeada na época por conta da Revolução dos Republicanos), em 1934 e 1936.

Em 1937, se transferiu para o Nice, da França, exilando-se por conta da Guerra Civil que tomava conta do país. Jogou por lá até 1938, quando se aposentou como jogador.

Em 1939, tornou-se treinador, sendo contratado pelo Atlético Aviación - hoje conhecido como Atlético de Madrid - conquistando os primeiros campeonatos nacionais do clube, em 1940 e 1941. Continuou sua carreira no Celta de Vigo, em 1946. Na temporada 1947-48, conduziu o Celta, que tinha um time relativamente fraco, a um sexto lugar no campeonato nacional e à Final da Copa del Generalíssimo - outro nome para a atual Copa del Rey.

Passou em períodos curtos pelo Málaga, a Seleção Espanhola, mais duas vezes pelo Celta e duas vezes pelo Espanyol, intercaladamente. Encerrou sua carreira de técnico, sendo empregado do Espanyol até rigorosamente o dia do seu falecimento, em 8 de setembro de 1978.

Zamora defendeu em 46 partidas a Seleção da Espanha, bem como o selecionado da Catalunha, em partidas amistosas. Ricardo Zamora fez parte do grupo da Espanha na Copa de 1934, sendo eleito o melhor goleiro do torneio, e protagonista de lances espetaculares, mágicos.

Chamado de El Divino, "O Divino" em espanhol, Zamora é um dos maiores goleiros da história da humanidade. Um jogador alto para a época - media 1,94 - era, ao mesmo tempo que seguro nas bolas altas, ágil e cheio de reflexo, capaz de defesas milagrosas, à queima-roupa. Era um pegador de pênaltis nato, defendendo inúmeros na sua carreira.

Capaz de atuações heroicas, certa feita, numa partida internacional contra a Inglaterra em 1929, continuou a jogar depois de ter quebrado o seu esterno! Ficou muito conhecido por uma defesa milagrosa na Final da Copa do Generalíssimo de 1936, contra seu antigo clube, o Barcelona, garantindo a vitória do Real Madrid.

Era um visionário, utilizando um chapéu e camiseta de gola rolê durante os jogos, tendência seguida pela maioria avassaladora dos goleiros da época e de épocas futuras.

Foi um homem de personalidade, polêmico. Admitiu certa feita ser alcoólatra, bebendo conhaque diariamente, além de fumar três carteiras de cigarro por dia. Não tinha medo de falar o que sentia, inclusive sua posição política contrária à Revolução que ocorreu na Espanha. Foi prisioneiro das tropas revolucionárias, escapando por seu carisma e por aceitar jogar Futebol com os guardas do cárcere.

Foi eleito o quinto maior goleiro da história pela IFFHS, bem como recebeu a Grande Cruz da Ordem de Cisneros, do General Francisco Franco. Ainda, dá nome ao troféu de melhor goleiro da temporada da Espanha, uma honra digna de poucos.

Um goleiro exemplar, e ao mesmo tempo polêmico, Ricardo Zamora é até hoje um dos craques mais cultuados não só da Espanha, mas do Futebol espanhol. Dificilmente irá se encontrar um homem tão corajoso e vivaz quanto ele nas goleiras do mundo todo.

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