quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Craques que Não Assistimos Jogar: Raymond Kopa

O craque homenageado de hoje é um dos primeiros grandes jogadores da história de seu país. Fez parte de um timaço, uma máquina de fazer gols, disputando a Copa de 1958, mas infelizmente, cruzando com o Brasil. Talvez o primeiro astro do Futebol francês, o nome do Craque que Não Assistimos Jogar é Raymond Kopaszewski, conhecido como Raymond Kopa.

Kopa nasceu em 13 de outubro de 1931, na cidade de Nœux-les-Mines, na França, filho de pais polonesas, a razão do seu sobrenome, Kopaszewski. Aos seis anos de idade, sofreu um acidente na mina de carvão aonde trabalhava, perdendo seu dedo indicador da mão esquerda, recebendo desde então pensão do governo francês.

Iniciou sua carreira no Futebol em um clube local, participando de um concurso nacional de jogadores jovens. Chegou à final do concurso, sendo derrotado por outros concorrentes por causa de sua estatura franzina - media quando adulto 1,69. Kopa teria que utilizar de características suas que compensassem seu pequeno tamanho, como a sua agilidade tremenda e sua inteligência.

Aos 17 anos, foi contratado pelo Angers, clube da Segunda Divisão do país, onde iniciou sua carreira profissional. Praticamente na mesma época, aos 18 anos, teve de escolher entre o passaporte francês ou polonês, optando pelo primeiro e encurtando seu sobrenome, de Kopaszewski para Kopa. Pelo Angers, marcou 15 gols em 60 partidas na Liga.

Dois anos depois de sua chegada à Angers, foi comprado pelo Stade Reims, da Primeira Divisão, clube onde se consagrou. Ficou cinco temporadas em Reims, ajudando o clube a conquistar dois Campeonatos Franceses, em 1953 e 1955, além da Copa Latina - torneio disputado antigamente entre clubes da Itália, França, Portugal e Espanha - de 1953.

Kopa fez parte do maior time da história do Stade Reims, dividindo o gramado com grandes craques franceses, dentre os quais León Glovacki e Michel Hidalgo. Na sua primeira passagem pelo Reims, jogou 158 partidas, marcando 48 vezes, além de proporcionar inúmeras assistências aos seus companheiros e mostrar toda a sua técnica ao mundo.

Ajudou o clube a chegar na primeira Final da Copa da Europa (hoje UEFA Champions League), em 1956, onde enfrentaria o Real Madrid de Alfredo Di Stéfano e Francisco Gento. O Stade Reims perderia por 4 a 3, mas Kopa encantaria os dirigentes dos Merengues, que o contrataram na temporada seguinte.

Raymond Kopa ajudaria o Real Madrid a se tornar um timaço, um time de estrelas, se juntando a Di Stéfano, Gento, o recém contratado Ferenc Puskás, José Santamaría, entre outros. Kopa auxiliaria o Real Madrid a conquistar três Copas da Europa seguidas - 1957, 1958 e 1959 - e dois Campeonatos Espanhóis, em 1957 e 1958.

Por conta do posicionamento original do monstro Alfredo Di Stéfano, o armador do time, Kopa teve de se adaptar à ponta-direita, o que o fez com maestria. Nesta posição, teve espaço para seus dribles desconcertantes e desenvolver ainda mais sua visão de jogo magistral. Disputou 101 partidas, entre Campeonato Espanhol e Copa da Europa, marcando 30 gols.

Poucas vezes na história do Futebol se viria um grupo tão talentoso de ataque quanto o do Real Madrid desta época. Contando com Kopa, Di Stéfano, Puskás, Gento, Héctor Rial e Joseíto, os Merengues encantavam a todos.

Suas exibições foram tão espetaculares que foi eleito o melhor jogador da Europa no ano de 1958, recebendo o Ballon D'Or, a Bola de Ouro, da Revista France Football.

No mesmo ano de 1958, fez parte do primeiro grande time da história da Seleção da França. Além de Kopa, o talentoso selecionado francês contava com jogadores como Just Fontaine - o maior artilheiro de uma única edição de Copa do Mundo, com incríveis 13 gols em 6 jogos -, Roger Piantoni e Robert Jonquet.

Comandados pelo ex-jogador Albert Batteux, a França dispunha de uma defesa fraca, mas um ataque poderosíssimo. Apostando em fazer mais gols do que levava, os franceses marcaram inacreditáveis 24 gols no torneio todo, em apenas 6 partidas. Kopa marcaria três vezes, e por conta de suas exuberantes atuações, foi eleito um dos onze jogadores do time da Copa do Mundo.

Em 1959, retornou ao Stade Reims, onde passaria mais oito temporadas, e encerraria sua carreira. Formaria uma formidável parceria com seus colegas de Seleção, Fontaine e Piantoni, ajudando o clube a conquistar mais dois Campeonatos Franceses, em 1960 e 1962. Em 1966, já no fim de sua carreira, ajudaria a reerguer o Reims da Segunda Divisão, conquistando o título do torneio.

Na sua segunda passagem no Stade Reims, jogou mais 244 vezes, marcando 36 vezes. Terminou a sua carreira no ano de 1967, aos 36 anos de idade.

Kopa fez parte de duas equipes da França em Copas do Mundo, nas edições de 1954 e 1958. Pelo selecionado francês, disputou ao todo 45 partidas, e mandou 18 vezes a bola para o fundo das redes adversárias.

Por causa de sua categoria, foi apelidado carinhosamente pela imprensa francesa de "Napoleão". Kopa era veloz, ágil, um driblador nato. Possuía também grandiosa habilidade, capaz de fazer grandes assistências e dar passes inesperados. Ainda, era um especialista em bola parada, como cobranças de falta e de pênalti.

Um jogador elegante, dava a impressão que tinha todas as partidas dominadas na sua mão. Sabia o momento de segurar o jogo, quando o seu time ganhava, ou de acelerar o ritmo, quando o resultado não estava satisfatório. Era um verdadeiro maestro dentro de campo.

Foi eleito pela France Football o terceiro maior jogador da história do seu país, enquanto que pela IFFHS, foi eleito o segundo maior jogador da história da França. Em 2004, foi eleito pela FIFA um dos 125 maiores jogadores vivos da história.

Também, foi homenageado com a honraria de Cavalheiro da Legião de Honra da França, em 1970, o primeiro jogador de Futebol a ser agraciado com tal condecoração. Em 2008, foi "promovido" a Oficial da Legião de Honra.

É realmente uma pena que não pudemos ter visto um craque de tamanho talento desfilar pelos gramados com sua elegância e técnica. Kopa certamente está na memória de todos aqueles que puderam desfrutar do prazer de vê-lo jogar Futebol.

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