sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Grandes Times: A Era de Ouro do Parma


Para este post, contei com a ajuda do amigo Bruno Zuanazzi, torcedor do Parma, estreante e a partir de agora, participante ocasional deste blog e um verdadeiro apaixonado pelo Futebol, como eu.

Hoje, o time homenageado não é uma única equipe, mas sim, a era de um clube que enfrentou de igual para igual seus rivais tradicionais. Trata-se do Parma dos anos 90.

Por muitos anos, o Parma foi uma clube de menor expressão no futebol italiano. Fundado em 27 de Julho de 1913, e prestes a completar 100 anos de vida, o Parma sempre foi uma equipe que passava da Série C para a B, com algumas aparições na Série D italiana.

A partir do ano de 1990, começaria uma década de glórias para a equipe. Em 27 de maio do mesmo ano, sob o comando de Nevio Scala, o Parma conseguiu a sonhada promoção para a elite italiana, numa vitória de 2 a 0 sobre a rival Reggiana, gols de Alessandro Melli e Marco Osio.

Então, a poderosa empresa italiana Parmalat comprou grande parte das ações do clube, e com isso passou a investir pesado na contratação de jogadores. Logo, vieram os resultados, sendo que em sua primeira temporada na elite, o Parma terminou a temporada em sexto lugar, conquistando uma vaga para a Copa da UEFA. O time era liderado pelo craque sueco Thomas Brolin, além de contar com a velocidade do jovem colombiano Faustino Asprilla e a segurança do grande Taffarel debaixo das traves.

O primeiro grande título do clube veio na temporada 1991-92. Com a manutenção da base da equipe, o Parma quase repetiu o feito da temporada anterior, terminando em 7º no Primeira Divisão, com o mesmo número de pontos da temporada anterior, e conquistando a primeira Coppa Italia de sua história, em um resultado agregado de 2 a 1 sobre a Juventus, depois de dois jogos.

A temporada 1992-93 chegou, e apesar de o Parma não ter feito muitas contratações de expressão, terminou o campeonato em uma incrível terceira colocação, atrás somente de Milan e Inter de Milão, e conquistando o seu primeiro título internacional, a extinta UEFA Cup Winners’ Cup – a Recopa da Europa. Neste torneio, enfrentou equipes como Boavista, Sparta Praga e Atlético de Madrid, vencendo por 3 a 1 o Royal Antwerp, da Bélgica, na final.

Para a temporada 1993-94, com os reforços do zagueiro argentino Roberto Sensini e do craque italiano Gianfranco Zola, o Parma mostraria a todos a sua vontade de se tornar um clube vencedor. Infelizmente, o time encontrou vários problemas durante o campeonato, terminando em 5º lugar, duas posições abaixo da temporada anterior.

Porém, na mesma temporada, foi campeão da Supercopa da UEFA, batendo o poderoso Milan, que substituiu o campeão da UEFA Champions League, Olympique Marseille. Vitória milanesa em Parma por 1 a 0 e uma surpreendente vitória fora de casa para o Parma de 2 a 0.



Numa temporada inesquecível para o torcedor parmegiano, 1994-95, o Parma consegue ficar em segundo no campeonato, atrás apenas da sua maior rival da época, a Juventus. Numa temporada em que chegaram reforços como o zagueiro português Fernando Couto e o meia italiano Dino Baggio, além de serem vice-campeões da Itália, o Parma conquistou, em cima da própria Juventus, a Copa da UEFA.

No resultado agregado de 2 a 1, conquistou uma vitória de 1 a 0 em casa, no estádio Ennio Tardini, gol de Dino Baggio, e empate no San Siro por 1 a 1, com Gianluca Vialli marcando para a Juve, e novamente Dino Baggio marcando para o Parma. Era o primeiro grande título internacional que esta esquadra viria a conquistar, em cima de uma forte Juventus que era a grande base da Squadra Azzurra, vice-campeã do mundo em 1994.

Na temporada 1995-96, o Parma não conquistou nada, obtendo um modesto sexto lugar na Série A. Entretanto, a temporada ficou marcada como a estreia de uma futura geração campeã, contando com os talentosíssimos jovens Gianluigi Buffon, Fabio Cannavaro e Filippo Inzaghi no elenco, e também contando com a estrela búlgara Hristo Stoichkov. Ao final da temporada, o histórico treinador Nevio Scala foi substituído pelo ex-jogador do Parma, Carlo Ancelotti.

Com Ancelotti, em 1996-97, o time se reforçou com outros jovens de estro sensacional, como o lendário defensor francês Lilian Thuram, o meia croata Mario Stanić, os brasileiros Zé Maria e Amaral e o atacante Enrico Chiesa, contratado junto à Sampdoria. Porém, com a saída de Zola para o Chelsea, restou uma incógnita, sobre quem seria o centroavante desta equipe.

Eis que surgiria Hernán Crespo, um dos maiores ídolos da história do Parma, contratado muito jovem junto ao River Plate. Com uma que é considerada das melhores equipes da história do clube, o Parma consegue o vice-campeonato, disputado ponto a ponto com a Juventus, tendo encerrado o campeonato apenas dois pontos atrás da "Vecchia Signora".

A temporada 1997-98 foi bastante desanimadora para o torcedor. O Parma não conseguiu classificação para a Champions League, e terminou em sexto lugar no campeonato, apesar de ter uma equipe muito forte. Tal temporada tiraria o emprego do treinador Carlo Ancelotti, sendo substituído por Alberto Malesani.

Em seu primeiro ano, Malesani deu aos torcedores uma temporada inesquecível. Com um time muito forte, com o grande goleiro Buffon; Thuram, Cannavaro, Sensini e Antonio Benarrivo na defesa; Diego Fuser, Dino Baggio, o jovem Stefano Fiore e o argentino Juan Sebastián Verón no meio de campo; e no ataque, a dupla Chiesa e Crespo, o Parma conquistou pela segunda vez a Copa da UEFA, desta vez em cima do Olympique Marseille, vencendo por 3 a 0, gols de Crespo, Paolo Vanoli e Chiesa.

Além disso, conquistou a Coppa Italia em cima da fortíssima Fiorentina, que contava com Francesco Toldo, Rui Costa e Gabriel Batistuta. No Campeonato Italiano, porém, o grande desempenho não se repetiu, e o Parma terminou em 4º lugar, atrás de Milan, Lazio e Fiorentina.


Na temporada 1999-00, a qual pode ser considerada como o inicio do declínio dos Gialloblu, que tinham uma equipe igualmente forte, porém não contando mais com Chiesa, transferido para a Fiorentina. Surgiu espaço para o bom atacante Marco Di Vaio aparecer, além do artilheiro brasileiro Márcio Amoroso e o argentino Ariel Ortega. Entretanto, não repetiram as glórias da temporada passada, terminando o campeonato italiano na 5ª posição. Porém, veio uma conquista inédita, a Super Coppa da Itália, vencida sobre o Milan, 2 a 1 para o Parma, em pleno Estádio San Siro. Ao final da temporada, Crespo seria vendido à Lazio.

Na temporada 2000-01, o Parma não conseguiu mais lutar por titulo italiano ou europeu. Numa temporada que foi marcada pelas inúmeras trocas no comando técnico da equipe, o Parma terminou novamente em quinto lugar. Ao final da temporada, Buffon e Thuram, jogadores já consagrados na equipe, foram vendidos para a rival Juventus.

O ano de 2001-02 confirmou o declínio parmegiano, conquistando o seu ultimo titulo até então, a Coppa Italia sobre a Juventus. Neste ano, o parma obteve sua pior colocação na Série A após a promoção, um décimo lugar. No fim do ano, o zagueiro Fabio Cannavaro se despediu dos Gialloblu.

Com a falência da Parmalat, o Parma passou a sofrer para equilibrar suas contas, tendo que vender todo o resto da sua última geração vencedora, e apostando em jovens promessas, como Marco Marchionni, Alberto Gilardino, Daniele Bonera, e os ítalo-australianos Vincenzo Grella e Mark Bresciano.

Em meio à tamanhas dificuldades, foi impossível se manter na Série A, e na temporada 2007-08, o Parma foi rebaixado à Série B do Campeonato Italiano.

Por lá ficou uma temporada e hoje, o time que é presidido pelo empresário Tommaso Ghirardi está de volta à Série A, possuindo uma equipe mais modesta que antigamente, mas permitindo aos seus torcedores sonhar mais alto para o futuro.

Com a sua rica história na década de 90 e início de anos 2000, o Parma é ainda hoje o quarto time italiano com mais tradição em competições europeias, perdendo somente para Juventus, Milan e Inter.

Sobre a Era de Ouro do Parma, há uma curiosa história: a lenda de que o uniforme de listras horizontais amarelas e azuis, identidade do Parma nesta época, somente era horizontal para rivalizar com as equipes maiores, de listras verticais em seus fardamentos, as três equipes italianas acima mencionadas.



O Parma foi o clube que, nos anos 90, trouxe mais emoção ao Futebol na Itália. Ao rivalizar com os grandes e tradicionais clubes italianos, deu esperança de que uma nova potência estaria se consolidando na Bota. Até então, nenhuma geração de jogadores dos gialloblu ombreou qualquer equipe da Era de Ouro parmegiana.

Além de várias vitórias, o Parma mostrou ao mundo jogadores espetaculares, sensacionais, venerados e idolatrados até hoje, como os goleiros Taffarel e Gianluigi Buffon, os defensores Fabio Cannavaro, Lilian Thuram e Roberto Sensini, os meio-campistas Thomas Brolin, Hidetoshi Nakata, Juan Sebastián Verón, Ariel Ortega e os atacantes Faustino Asprilla, Hernán Crespo, Adrian Mutu, Gianfranco Zola e Hristo Stoichkov.

Mais do que um celeiro de craques, o Parma foi uma marca registrada da última grande fase técnica do Futebol mundial, os anos 90.






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