quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Craques que Nasceram no País Errado: Eli Ohana

Desta vez, apresentamos um grande jogador que nasceu no país errado. A época não é muito relevante, até porque não se observou uma evolução no nível de Futebol da sua terra natal. Estou falando do israelense Eli Ohana.

Era um meia-atacante capaz de marcar muitos gols. Canhoto, habilidoso, oportunista, chegava muito à grande área como um terceiro atacante. Foi um dos primeiros meias modernos a surgirem no futebol europeu.

Ohana nasceu em Jerusalém, tendo se mudado muito jovem com a sua família para a cidade de Haifa. Sua família era muito grande, e sofria de sérios problemas financeiros.

Incentivado pelo seu irmão, Yossi, juntou-se às categorias de base do Beitar Jerusalém aos onze anos de idade, contra a vontade de seu pai. Aos 16 anos, iniciou a carreira profissional de jogador no mesmo Beitar.

Eli surpreendeu a todos desde cedo pela facilidade com que marcava gols. Foi logo chamado para o primeiro time, onde, de início, não conseguiu fazer boas partidas. Entretanto, consegui depois de alguns meses encontrar o seu verdadeiro futebol, auxiliando o seu time a subir para a Liga Leumit, primeira divisão do Futebol israelense.

Um fato triste quase arruinou a carreira de Ohana. Em 1982, sua namorada faleceu em um acidente de carro. Na época em que passou com sua namorada no hospital, sua forma diminuiu drasticamente, tendo muitas pessoas achado que sua carreira no Futebol havia terminado, com Ohana entrando em depressão. Entretanto, com o apoio do seu irmão, Yossi, e do dono do clube, Moshe Dadash, conseguiu se recuperar plenamente.

Na sua primeira passagem pelo Beitar, começando da base, conquistou duas Copas do Estado, em 1984-85 e 1985-86, além de um Campeonato Israelense, na temporada 1986-87. Marcou muitos gols para um jogador da sua posição, cerca de 70 gols no clube.

Aos 23 anos de idade, decidiu mudar de país. Foi comprado pelo Mechelen, da Bélgica, e com o dinheiro que seu clube recebeu, comprou o centro de treinamentos que até hoje usa para seus jogadores. Lá, Ohana encontraria talvez o seu melhor futebol, conquistando três títulos com o desconhecido clube belga.


Apesar de relativamente desconhecido, era um time com vários talentos, como o grandioso goleiro belga Michel Preud'Homme, os holandeses Wim Hoefkens, Graeme Rutjes e Erwin Koeman, e o meia belga Marc Emmers. O comando era do treinador talentoso holandês, Aad de Mos.

Já na sua segunda temporada, conquistaria o Campeonato da Bélgica, na temporada 1988-89. Porém, a sua grande conquista viria em âmbito continental. O Mechelen conquistaria a Recopa da Europa (UEFA Cup Winners' Cup), com atuações majestosas de Ohana.

Marcaria muitos gols importantes. Por exemplo, na segunda rodada, após um empate em casa em 0 a 0 com o St. Mirren, da Escócia, marcou dois gols fora de casa, classificando seu time. Marcaria mais um contra o Dinamo Minsk, fora de casa, nas quartas-de-final. Na semi-final, no primeiro jogo, marcou um gol contra o Atalanta, ajudando seu time a vencer as duas partidas por 2 a 1.

Na Final, o Mechelen enfrentaria a fortíssima segunda geração de ouro do Ajax, que contava com grandes e jovens jogadores, como Danny Blind, Jan Wouters, Rob Witschge, John Bosman, Aron Winter e Dennis Bergkamp. Aos oito minutos do segundo tempo, chocando a Europa, Ohana fez uma bela jogada pela lateral esquerda, cruzando na medida para o cabeceio do atacante Piet den Boer, marcando 1 a 0 para conquistar a Recopa da Europa de 1988.

Na mesma temporada, Ohana receberia o prêmio Bravo, oferecido pela revista italiana Guerin' Sportivo para o melhor jovem jogador europeu do ano. Ainda, ajudaria o Mechelen a bater o PSV Eindhoven para conquistar a Supercopa da Europa de 1988.

Em 1990, passaria pelo Sporting Braga de Portugal, marcando apenas três gols em vinte e cinco partidas.

No ano seguinte, voltaria ao seu amado Beitar Jerusalém. Novamente, o clube estava na segunda divisão de Israel. Em dois anos, auxiliaria o clube a conseguir uma promoção e conquistar o Campeonato Israelense mais uma vez, logo após a subida de divisão. Ainda, em 1996-97 e 1997-98, ajudaria o Beitar a conquistar títulos consecutivos do Campeonato Israelense.

Encerrou a carreira no mesmo Beitar Jerusalém em 1999, aos 35 anos, após uma lesão recorrente. Marcou, ao todo, 152 gols pelo clube.

Na seleção israelense, disputou 50 partidas oficiais, marcando 17 gols. Pelo selecionado de seu país, foi marcado por dois fatos: em 1983, após uma derrota por 7 a 2 para a Argentina, Diego Maradona declarou: "Se há um bom jogador em Israel, ele é Eli Ohana".

O outro fato foi o que lhe tornou herói nacional. Em 1989, antes de uma partida de eliminatórias para a Copa do Mundo, com a Austrália, supostamente o treinador australiano, Frank Arok, havia feito comentários anti-semitas. Durante o jogo, Ohana fez uma linda jogada, driblando dois zagueiros e enganando o goleiro adversário, marcando 1 a 0. Na comemoração, correu em direção ao treinador australiano e beijou a Estrela de Davi.

Foi eleito o jogador israelense do ano em 1984 e 1997. Também foi eleito por um website israelense como o quadragésimo israelense mais importante de todos os tempos.

Como treinador, carreira que exerce até hoje, foi eleito o melhor do país em 2007, quando comandava o Hapoel Kfar Saba. Hoje, treina a Seleção Sub-19 de Israel.

Ohana foi um dos melhores jogadores da história do Oriente Médio, com sua habilidade e faro de gol. Seu pé canhoto deu muitas alegrias aos torcedores de Israel, bem como os do Mechelen e do Beitar Jerusalém. 

Certamente, se fizesse parte de um outro país mais tradicional no Futebol internacional, seria um jogador de muito maior nome e sucesso.


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